Starbuck’s Coffee

Puxou a cadeira e se sentou acomodando os braços em cima da mesa.

- I'm Sophie... Você estuda na Dalton, right?

- Donnie - ele disse fitando a menina - And yes, eu estudo em Dalton.

Deu um longo gole no café que estava fervendo, assim queimando sua língua. No impulso afastou o copo de sua boca rapidamente e permaneceu com ele em mãos, esperando-o esfriar. Notou que a garota tinha fones pendurados em suas orelhas, se aproximou dela, puxou um deles e o colocou em seu ouvido. Ja esperava se deparar com a musica da umbrella-ella-ella-ê-ê, mas ao inves disse ouviu guitarras porcas, leves barulhos de bateria e um vocal gritado que fazia parecer que o cara estava vomitando as letras da musica para fora.

- What is that thing? - ele disse com cara de desaprovação enquanto puxava o ipod das mãos da menina.

O visor indicava o bizarro nome: Enter Shikari. Logo ele voltou ao menu e fez o movimento circular com os dedos em busca de alguma banda decente, quem sabe pistol, stones ou ramones.

- So what else do you got here?

"É, ele é de Dalton. Menos mal.", pensou.
Sophie reparou que ele tentou tomar seu café muita rapidez e queimou a boca. Ela riu baixinho. Era por essas e outras que ela preferia bebidas frias.

Ele se aproximou mais e começou a ouvir a música com ela. Pelo visto ele não gostou nem um pouco do hardcore que a garota ouvia.

- What is that thing? - ele disse com cara de desaprovação enquanto puxava o ipod das mãos da menina.

- British hardcore. De muita qualidade, por sinal. Enter shikari is cool, man! - deu um gole no Frappuccino que estava quase no fim. Ela já estava acostumada, ninguém gostava muito de suas músicas gritadas.

Donnie, ainda olhando com cara de desaprovação para ela, pegou o Ipod prata de suas mãos e começou a procurar por músicas que ele considerava melhores.
Percebeu que a garota tinha um gosto bem diferente das outras. Achava muito hardcore e músicas gritadas. Nada de pop disney channel, comum entre as garotas.
Fuçando entre as músicas achou uma dos Sex Pistols "God save the queen". A clássica. Colocou para tocar.

- Então você gosta dos pistols?- revirou os olhos- They are not big deal.

Percebeu que o garoto não gostou muito da colocação. Provavelmente era algum fã maluco dos punks dos anos '70.

Nunca gostou de hardcore, não era grande coisa. Para Donnie aquilo era emo disfarçado, um pouco menos deprimido, sem vocalistas chorões e sem toda aquela maquiagem. Mas com certeza era melhor do que toda aquelas merdas frutos de series do disney channel e cantoras pop produzidas pelo Timbaland que fazem duetos com rappers escrotos.

- British hardcore. De muita qualidade, por sinal. Enter shikari is cool, man! – Sophie deu um gole no Frappuccino que estava quase no fim.

- Os britanicos faziam boa musica nos anos 60 e 70, mas atualmente... is all crap!

Quando estava passando pela letra S encontrou o que queria: Sex Pistols. Os pioneiros do punk nos anos 70, isso sim era rock britânico de qualidade. Abriu um sorriso e colocou o clássico 'God Save The Queen' para tocar. Seu café ja estava em uma temperatura ingerivel, em fim começou a tomá-lo sem sofrer queimaduras na língua. Virava o café em longos goles enquanto batia os pés no chão repetitivamente no ritmo da musica.

- Então você gosta dos pistols?- Sophie revirou os olhos- They are not big deal.

- It sure is a bigger deal than “Enter Shikari”. Pistols criou a revolução punk na Inglaterra em 75, they’re epic! – ele dizia empolgado, sempre que o assunto era punk e anarquia Donnie tinha prazer em argumentar a favor - Do que você gosta alem de hardcore britanico vomitado?

É, ele era um fã descontrolado dos punks. Dava para ver pelo modo que falava sobre eles.

- It sure is a bigger deal than “Enter Shikari”. Pistols criou a revolução punk na Inglaterra em 75, they’re epic! – ele dizia empolgado - Do que você gosta alem de hardcore britanico vomitado?

Sophie revirou os olhos de novo.

- Eu gosto de barulho!- riu e olhou para a cara dele- Do contrário eu nem teria essa dos Sex Pistols no meu Ipod.- disse ácida, mas sem tirar o sorriso do rosto

- Gosto de clássicos como The Doors, The Smiths, The Cure, The Clash e todos esses outros "The"s mais antigos e variados. E gosto de coisas mais pesadas como Iron Maden e Black Sabbath.

Notou que o garoto parecia a lil' bit surprised.

- Yeah, eu gosto dessas velharias.- finalizou a frase tomando o resto que faltava do seu Frappuccino, fazendo aquele ruido com o canudo de quando já não há mais bebida.

- Gosto de clássicos como The Doors, The Smiths, The Cure, The Clash e todos esses outros "The"s mais antigos e variados. E gosto de coisas mais pesadas como Iron Maden e Black Sabbath.

Donnie não teve com conter o olhar surpreso. A baixinha com cara de 'pop girl', que adora o Justin Timberlake e esta no time das cheerleaders tinha mais conteudo do que aparentava.

- Yeah, eu gosto dessas velharias- ela finalizou a frase tomando o resto que faltava do seu Frappuccino, fazendo aquele ruido com o canudo de quando já não há mais bebida.

- THE CLASH! - ele abriu um sorriso - That's a good one! - fez uma pausa e deu mais um gole no cappuccino - Doors, Cure e Sabbath também... mas Smiths é muito coisa de viado, Morrissey canta feito um patinho chorão. - fez outra pausa para o café -You know what? There's this cool pub in TriBeCa... aonde eles tocam Doors, Clash, Sabbath e até mesmo Smiths as vezes. We could go there sometime... - ele propos fitando Sophie com um sorriso meia boca

- THE CLASH! - ele abriu um sorriso - That's a good one! - fez uma pausa e deu mais um gole no cappuccino - Doors, Cure e Sabbath também... mas Smiths é muito coisa de viado, Morrissey canta feito um patinho chorão.

- Shut up! O Morrissey pode até ser um ser assexuado e estranho, mas ele canta bem. - disse com cara de brava nada convincente, rindo logo em seguida.

Depois que ele falou sobre ir até um pub em TriBeCa ouvir clássicos, Sophie respondeu:

- Are you kidding me? - disse sorrindo e olhando-o de lado.
- Não costumo ir até TriBeCa, mas... Posso até pensar no caso. - disse dando uma mordida no muffin que estava quase inteiro sobre o pratinho. - Desde que realmente tenha música boa por lá.

"Finally someone who I can talk about music! Thank Geez", pensou agradecida.

Vendo que o garoto não comia nada, ofereceu um pedaço do seu muffin:
- Quer um pouco? É de blueberry.

Sorriu fitando a garota, não tinha duvidas sobre a qualidade musical do Cloverdilly. Uma vez que a garota fosse até la, TriBeCa se tornaria seu segundo lar. Negou o muffin que Sophie havia lhe ofrecido, nunca foi fan desses bolinhos de blueberry e doces em geral. Gostava mesmo era de junk food, salgadinhos cheio de corante, coisas fortes bem e apimentadas.

- The Cloverdilly's the coolest fucking pub in manhattan!

Deu o ultimo gole do café, se levantou e jogou o copo vazio em uma lata de lixo ali ao lado. Voltou a mesa e se debruçou apoiando as mãos no encosto da cadeira vazia.

- So, I see you at the pub tommorrow?

- The Cloverdilly's the coolest fucking pub in manhattan!

Disse empolgado e logo em seguida jogou o copo vazio do seu café no lixo. Sophie riu. Esse jeito de Donnie era engraçado.
Ele voltou e perguntou:
- So, I see you at the pub tommorrow?

- Are you freakin' serious? Of course!- disse empolgada. - Passo por lá depois da aula, combinado?

Donnie assentiu. Ela então voltou-se ao seu quase acabado muffin e comeu o que tinha sobrado.

- Well, now I have to go. Minha mãe acha que eu estou na minha cama doente. Tenho que voltar antes que ela desconfie de algo. - Disse rindo

Despediu-se do garoto com um beijo na bochecha, logo depois de deixar seu telefone com ele.
Saiu do Starbucks, colocou seus óculos no rosto e pegou um taxi para casa. Teria que parecer uma doente bem convincente até a tarde.

Chovia torrencialmente, a fazendo se encolher no guarda chuva laranja da Barneys. Usava a capa verde musgo por cima do shorts, meias finas pretas, botins cinzas e a blusa da nova coleção D&G. Entrou na Starbucks e fechou o guarda chuva, o deixando em um canto perto da porta.
O lugar estava amotoado de gente, como sempre. Estava 15 minutos atrasada, mas tinha quase certeza que Vince não havia chegado ainda. Ficou na ponta dos pés, tentando enxergar por cima das pessoas, não obtendo resultado. Passou por todos os idiotas e atingiu o balcão, pedindo seu large coffe, e enquanto esperava espiou por uma mesa. E não é que tinha uma bem a vista? pegou o café e jogou-se na cadeira, segundos antes de um quarentão tentar fazer o mesmo. Deu um sorriso ' bem-feito, tiozão' pra ele e bebericou o café, olhando para fora através da vitrine. Tirou o celular da bolsa, a esperaa de uma mensagem ou ligação perdida, mas a última recebida for a de Donnie. Vince tinha 10 minutos. se nesse tempo não o visse entrar pela porta, terminaria seu café em outro lugar, talvez preenchendo sua cama com outro.

Ele estava atrasado, dez minutos, talvez quinze, saltou do táxi e correu até o outro lado da rua pra tentar se abrigar da chuva persistente que caia desde a madrugada passada. Entrou na cafeteria apinhada, como sempre, corações solitários e puros exibicionistas, todos reunidos e interagindo, quer lugar melhor do que a Starbuck’s Coffee?

Mal havia entrado e lá estava ela, Little K não era de brincar em serviço, ela estava checando o seu celular, provavelmente a procura de uma mensagem ou ligação perdida, outros contatos talvez. Foi até o balcão fez o pedido de sempre e se jogou no assento da mesinha da garota de botinas cinza.

- Ressaca! - Ele disse como se isso explicasse tudo.

Ela o fitou por cima do celular, deixando a expressão entediada a mostra.

- You are late - guardou o celular e o encarou - and wet.

Voltou a beber o café, enquanto um idiota da outra mesa começava a encará-la, sendo ignorado por completo. Respirou fundo, precisava acender um cigarro, mas ali era proibido. Merda. Os pés já estavam inquietos e ela olhava pra fora, distraida com os guarda-chuvas que se cruzavam na calçada.

- Então, como foi em Chicago?

Se existia um vício de que ele não conseguia se livrar, e de fato nem fazia tanta questão, era o que estava em sua frente, sempre foi assim, se pertencem, mas pertencem a tantos outros. Sempre juntos, mas também tão distantes entre eles, um jogo constante cheio de segredos e provocações, essa era a relação entre V e K.

- Chicago – ele disse sem interesse – sabe como são as coisas quando se está enfurnado em uma clinica idiota no meio de uma cidade sem graça e sem gente interessante, com exceção da Oprah, claro! - riu da própria piada como se fosse a última coisa a fazer para disfarçar a sua ansiedade.

- E você, como você se comportou enquanto estive fora? – perguntou fazendo uma cara de galã barato e lançando um olhar de desprezo para um idiota da outra mesa.

Ele não entendia até onde ela queria chegar, parecia querer dizer algo a ele, mas alguma coisa aconteceu durante esse tempo que esteve fora, Katherine nunca esteve tão difícil e distante dele, isso o incomodava interamente.

- Bem, digamos que eu e Donnie ficamos próximos - deu uma risada sacana, tento provocá-lo - você perdeu muita coisa, não deveria ter desaparecido.
Merda. Não deveria ter tocado no assunto e muito menos dito aquela última frase, tentou desviar, e começou a contar tudo o que havia ocorrido nos últimos meses.
- Quase morri afogada, fiquei grávida do Donnie e me apaixonei pelo primo dele - sua voz ia diminuindo enquantos as lembranças de Zuko vinham a mente - perdi o bebê, fiquei infértil, meu irmão foi embora e meu pai está viajando, como sempre - fez uma pausa, bebendo grandes goles do café - ah, e meus avós resolveram morar lá em casa - deu uma risada meio sem graça - enfim, minha vida virou uma verdadeira novela mexicana e eu não deveria estar te contando isso....

Ele não havia cogitado a possibilidade de tanta coisa ter acontecido desde que ele deixou a cidade, e agora que havia sido atualizado de todos os acontecimentos, viu que não gostou nada de ter puxado o assunto. Tomou um gole gigantesco de café e disparou:

- Impressionante! Sua vida daria um ótimo roteiro para Woody Allen! É um recorde até mesmo pra você! – Essa foi a coisa mais estúpida que ele poderia ter dito, mas agora estava feito. Então era isso, ela não era mais a mesma Katherine L. que ele havia deixado para trás em Nova Iorque, Little K. havia crescido então.

- Eu devia ter te ligado quando fui embora, mas enfim, você sabe. . . eu nunca fui um romântico. Não exija o que não posso te dar. Era o mais perto que ele poderia chegar de qualquer pedido de desculpas, esse era Vincent Cartie.

- E eu nunca te pedi que ligasse Cartie - começou a ficar irritada com a conversa, aquele assunto a incomodava demais - eu nunca te exigi nada, nem pedi que fosse romântico, você sabe muito bem que eu odeio pessoas melosas. Gosh, até parece que alguns acontecimentos vão me mudar, não seja um idiota. E eu não quero mais falar sobre passado.

Respirou fundo e terminou o café. Agora sim seu sangue gritava por nicotina, precisava fumar um cigarro urgentemente. Levantou-se, colocando o casaco.

- Acho que isso coloca um ponto final em tudo, não é?
E sem esperar resposta, saiu na chuva, esquecendo completamente o guarda-chuva. Merda.

Essa sempre foi a palavra de ordem, nada de questões mal resolvidas, sem dependência, melosidade ou carência. Sempre foi assim, e não tinha pra que mudar agora. Ele gostava disso.

- O Guarda-chuva – era um motivo irrecusável para ir atrás dela, essas palavras saíram sem que ele se tocasse.

- O Guarda-chuva – ele repetiu como se quisesse dizer a si mesmo o que fazer, ele levantou e foi atrás dela, deixou a gorjeta em cima da mesa e. . .

- Katherine L! Como você ousa me largar. . .! – Ele disse com aquele ar de brincadeira tão usual - Todos sabem que nós nunca conseguimos nos curar desse vício!

Eles se beijaram como se nada importasse agora, nenhum rancor, orgulhos deixados de lado. Mais uma cena de amor na cidade que nunca dorme.

Aquela parecia mais uma ceninha clássica dos filmes antigos. Kissing in the rain.
- It's Kath for you - ela separou-se de seus lábios e sorriu. Estava frio, ambos estavam encharcados, mas ela não se importava. Colou sua boca na dele novamente, saciando a falta dos lábios do garoto. Sentiu vontade de levá-lo para seu quarto e passar o resto do fim-de-semana trancafiados por lá, fazendo tudo o que tinha direito para matar a saudade. Mas com certeza seria muito mais divertido deixá-lo confuso e na vontade, fazê-lo implorar por ela. Soltou-se e o encarou, ainda próxima.
- Tenho que ir - estendeu a mão, fazendo um táxi parar - vejo você segunda.
E sem esperar ele responder, fechou a porta, vendo a imagem do garoto parado na calçada, segurando seu guarda-chuva laranja, a vendo partir.

Okey..Okey.. Quer horas eram? Os óculos escuros que tomavam o rosto ainda não deixavam que o jovem de orbes quase vítreas conseguisse discernir com tranquilidade. Odiava vôos longos. A ideia estapafúrdia de seu pai de que deveria vir para Manhathan para estudar em um colégio de renome não era das mais apreciadas para Troy. Ele gostava da função de Auditor dos Hoteis Caesar pelo mundo. E atualmente estava bem até demais vivendo nas Bahamas. Retirava a carteira de Luke Strike do bolso da calça jeans, e jogava sobre a mesa. Não demorava muito para um atendente do local se aproximar, e ali estava entre a barba por fazer o sorriso cretino estampado nos labios.
- Bom dia Senhor.. - a jovem atendente sorria de volta, pessoas simpaticas estas não? Sorriso plastico que se torna ainda mais brilhantes quando enxergam o tamanho que pode ser a gorjeta, e bastava olhar para o rapaz e enxergar as probabilidades.. Ele deixou-se inclinar para frente levemente.
- Bon jour mademoiselle. Sallut. - inclinava a cabeça levemente com um sotaque perfeitamente empregado.. os olhos azuis deslizavam pelo corpo da mulher como se pudesse impeli-la a implorar ser devorada... Olhos invasivos, tanto quanto aquele cheiro de pimenta preta que escapava das notas de seu perfume. A garota corou levemente, e ele não desviava o olhar. cumprimentou em francês e desde quando ele era francês? Que diferença fazia. Talvez a garota nem tivesse entendido três letras que ele dissera.. pfff. - Um Mocca.. com bastante chocolate no fundo e bastante creme.. E é uma pena que companhia não esteja no menu..
A garota sorria sem jeito, muito mais com aquele olhar invasor do que com a propria cantada leve. anotava o pedido e virava-se apos uma mesura convencional para providenciar o que o cliente solicitava. Ele permanecia ali, puxava o cinzeiro para perto deixando o cigarro bater levemente sobre ele. Os oculos escuros voltavam para os olhos.. maldita luz que incomodava tão cedo.. abria a mochila retirando o Lap que colocava sobre a mesa do café. Internet Wireless? Claro que sim, acessava a caixa postal, e como que por encanto o celular tocava. O numero facilmente identificado .
- Olá Sr. Dermont.. sim.. Eu já estou no país....

Ela acordou com uma dor de cabeça terrível e mal podia esperar para tomar um café-da-manhã descente. Vestiu-se rapidamente e pegou um táxi até a Starbucks. Entrou na loja já lotada aquela hora da amanhã e foi direto ao balcão fazer seu pedido.

-Um Caramel Macchiato com creme extra e um brownie, please. –Enquanto a moça preparava o seu café ela deu uma rápida olhada em volta encontrando um rosto conhecido no meio da multidão que se concentrava no local.

Seu rosto logo ficou pálido e ela puxou os óculos de sol de volta para o rosto, para não ser reconhecida, será que de todos os lugares do mundo onde ele poderia ir, ele tinha que parar na mesma cidade que ela?

A moça entregou a ela a sacola com o pedido e ela tentou sair de lá o mais rápido possível para não ser reconhecida. Mas parece que ela não fora rápida o suficiente já que ela sentiu alguém segurá-la pelo braço assim que alcançou a porta da cafeteria.

Depois de uma tarde agradável e ao mesmo tempo conturbada, tudo por causa da chuva inesperada, a garota ficou mais algum tempo em seu quarto até que se sentiu meio entediada em seu quarto e porque não ir andar um pouco? Diziam que a cidade era sempre movimentada e havia muitas coisas para se fazer durante o dia e a noite, então, nada melhor do que uma volta para conhecer um pouco Big Apple. Ela então se vestiu com um sobretudo preto que ia fechado até a altura da cintura, uma calça jeans da Diesel e botas de couro de cano baixo e um salto fino e depois correu para se pentear e passar uma maquiagem leve, nada chamativa. A menina pedia a empregada que avisasse sua tia quando chegasse e descia, chamando um táxi para começar o seu tour pela grande metrópole. Depois de ver alguns carros passando rapidamente sem a notarem ela finalmente conseguia um táxi e ia entrando e se acomodando no banco traseiro.

- Onde vamos senhorita? - dizia o homem de meia idade, calvo e com uma barba grossa por fazer.
- Somente segue. Quero ver a cidade. - ela dizia calmamente, a voz doce e melodiosa, natural.

O carro seguia e ia passando por vários locais, ela admirava pela janela as luzes, o mvimento de pessoas que parecia ainda maior agora um pouco mais tarde, a noite realmente era uma criança naquele lugar e isso a impressionava, dava pra ver que quando escurecesse aquilo deveria ser uma loucura. Há algum tempo atrás ela estaria correndo para algum lugar onde pudesse beber e somente sairia de lá quando estivesse muito louca mas agora ela somente preferia admirar as várias pessoas que iam seguindo para as lojas e lanchonetes, grupos de amigos, casais, além de outros que passeavam e, apesar de aquela ser uma selva de concreto, ainda encontravam locais para que pudessem deixar seus momentos românticos aflorarem. Depois de algumas voltas ela pedia que o homem a levasse a Starbucks e ele não demorava e logo estacionava o carro a frente do estabelecimento. Ela tirava o dinheiro do bolso do sobretudo e entregava ao homem, pagando a corrida e deixando ele com uma ótima "gorjeta". Descia do carro e então respirava fundo, um capuccino era tudo que ela precisava e foi seguindo para entrada da cafeteria, se esquivando de algumas pessoas que iam passando de um lado para o outro. Adentrava o local e o ambiente estava aquecido, bem melhor do que o lado de fora que estava bem frio. Ela olhava ao redor, grupos de pessoas estavam sentadas, conversando, parecendo se divertir cada uma a sua forma. Ela foi seguindo até uma mesa livre e se sentava, cruzando as pernas e passando as mãos por baixo dos cabelos e os ajeitando para trás quando então a atendente vinha.

- Em que posso servi-lá? - A mulher dizia de forma simpática.
- Um capuccino por favor. - Ela sorria e então ia vendo a garota se distanciar para pegar seu pedido.

Os olhos corriam agora pelo local, notando as pessoas, cada uma com seu trejeito, cada uma com sua mania ao tomar o café, ao falar ao telefone. Ela então parou os olhos no rapaz em uma mesa próxima a sua, o observando discretamente, parecia decorar o jeito que ele ia movimentando a mão enquanto ao mexer no computador e depois a forma que falava ao celular, coisas simples assim.

A atendente retornava. Trazia o mocca e não pode evitar o sorriso sem jeito de quem havia gostado do que escutara momentos atras. Os olhos ocultos atras dos óculos de sol observavam a menina. O sorriso entregue nos labios sem motivo algum para ser oculto. Agradecia com uma mesura, fazendo toda a questão do mundo de deixar a ponta dos dedos tocarem na mão da garota.
- Mercy mon Ange..
A mulher sorria e saia demorando um pouco ainda a olhar aquele homem. Ele voltava a atenção ao celular e a conversa com o pai do outro lado da linha. Questões como moradia, carro e a bendita escola haviam sido debatidas, ele desligava o aparelho. Tomava um gole do liquido fumegante e o que seus olhos viam atravez da fumaça do café? Ele sorria.. aahh como sorria satisfeito. Começava a pensar que os Estados Unidos não eram tão ruim assim. Afinal teria algo para se distrair.. Observou a expressão assustada de Sarah, e ensaiou um tchauzinho de miss daqueles que se dá com boca aberta movendo apenas a mão.. e o sorriso estampado no rosto. Erguia a caneca para um brinde ao ar, e convidava estendendo a mão para que ela viesse até a sua mesa. Os olhos azuis escondidos atras das lentes escuras sobre ela.. ela perceberia? talvez não.. A atenção para Sarah só era desviada por uma voz que pedia um capuccino. Ele desviava os olhos para ver a beldade morena ali ao lado. Parecia tão deslocada.. e a mente deturpada do garoto ja começava a imaginar noites quentes na riviera francesa num motel qualquer em uma larga cama com lençois de cetim vermelho, a loira.. e a morena a desfrutar e ofertar cada canto do corpo e lábios. Elas se beijariam na frente dele se ele pedisse? Quem sabe.. eram pensamentos que não destilavam pelos labios de Troy.. mas deixava um sorriso e um cumprimento para a morena tambem.
- Sallut.. sozinha? Pq não se junta a nos.. ?
Direto? seu segundo nome.
- Sarah não vai se importar.. ao contrario acho que ela ficaria encantada.. não é Sarah?
A voz saia mais alta um pouco para que a garota que tentava se esconder atras dos oculos escuros não tivesse escapatória.

Encontrar Troy trouxe a ela lembranças que ela já considerava esquecidas. Foi arrastada por ele, até uma mesa ali perto, estranhou o fato da mesa não estar vazia. “Ele não espera que eu me junte a ele e a ela, não é mesmo?” pensou com um certo nojo ao avaliar a garota de cima a baixo, até que ela não era tão mal assim.

-Mas é claro, seria um prazer. –Ela tentou parecer o mais amigável possível, tentando esconder o nervosismo. Troy tinha os olhos escondidos pelos óculos de sol, assim como na vez que se conheceram.

Balançou a cabeça e tentou afastar aqueles pensamentos da cabeça dela, já imaginava o quanto embaraçoso seria se alguém a visse ali. Não podia negar que sentia-se tentada a mandar uma mensagem para a Gossip Girl falando sobre a chegada de T. a NY mas preferia manter tudo em sigilo, pelo menos por enquanto.

Ela sabia que, por mais que tentasse esconde-lo, ele rapidamente se faria notar no UES.

A garota permanecia observando as coisas, principalmente o rapaz que parecia estar fazendo algumas coisas importantes ao mexer ali no celular, coisas aparentemente do dia-a-dia. Ela então parava de olhar os treijeitos dele e baixava os olhos, parecendo agora mirar algum ponto na mesa, pensativa, estava se sentindo ainda bastante sozinha naquela cidade mas provavelmente depois das férias ela poderia então conhecer algumas pessoas, quem sabe até não entraria para a equipe de cheerleaders? Claro, isso se houvesse uma ali. Ela ficava olhando para aquele ponto na mesa e começava a se imaginar há algum tempo atrás, em Reno ela já havia feito muitas loucuras, inclusive dançar bêbada com algumas amigas em uma cafeteria como aquela, seduzindo os homens que estavam ali, velhos, novos, não havia ninguém que elas perdoassem. Estava absorta em seus pensamentos, maldita mania que atacava em todos os momentos e então ouvia a voz da atendente próxima.

- Senhorita? Senhorita? - A mulher deixava um toque no ombro da garota.

Ela balançava a cabeça como se despertasse de um transe e olhava a mulher trazendo a bebida e sorriu simpática sibilando um "Obrigada" e então vendo ela deixar a bebida sobre a mesa, logo a sua frente. Ela segurava a xícara com as duas mãos e ia trazendo aos lábios, vagarosamente, vendo agora o rapaz que estava logo ali chamando uma jovem loira para se juntar a ele. Ela ia bebericando com cuidado o capuccino, sentindo o sabor delicioso do mesmo e depois baixando as mãos e repousando a xícara na mesa, sem que elas soltassem a mesma e vendo então o cumprimento do rapaz, aquele sorriso todo galanteador que ele lhe lançava. Ao primeiro momento a morena não achou que era com ela mas logo viu que não poderia ser com outra pessoa.

- Olá... Ahm... Me juntar a vocês?

Ela perguntava como se quisesse confirmar, aquela expressão de dúvida presa a face. Ele falava agora com sua "acompanhante" e Kelly agora ia procurando a loira com os olhos, parecendo esperar que ela dissesse algo. O estranho era, se ele estava acompanhado como poderia convidar uma outra pessoa para se juntar a eles? Aquilo poderia não soar tão bem a outra garota e a morena não queria incomodar ninguém, apesar de que o rapaz parecia realmente querer que ela se sentasse com eles. A garota dizia que seria um prazer e então ela se levantava timidamente, com a xícara de capuccino e seguia a mesa aonde eles estariam. Acomodava a xícara a mesa e puxava uma cadeira, se sentando vagarosamente e então dizendo um tanto sem jeito, por algum motivo ela achava que não deveria estar ali.

- Bom... er... prazer... Kelly Littrell.

O sobrenome não seria estranho a eles. Na cidade morava Margareth Littrell, uma empresária de sucesso e renome, tia da jovem.

Ele a viu se aproximar. Observou o mover calmo e sinuoso de S. quando o olhava como se estivesse vendo um fantasma. Ele mantinha o sorriso no rosto. Não erguia os oculos. Dava para fazer as orbes deslizarem pelo corpo da loirinha conferindo o quanto ela tinha mudado. Erguia-se, deixando o celular sobre a mesa e aproximava-se de S. deixava um beijo que ia imediato ao canto dos labios.
- Saudades S.?
A pergunta vinha com uma voz rouca e provocante.. com a mão ousada que ja tomava a linha da cintura, exatamente sobre o coccix da garota. Demorava-se alguns segundos a mais ali. E com certeza, ele não ia demorar para mostrar à cidade que ja tinha retornado.
- Gosto do perfume..
Murmurava ao ouvido da garota. Deixava os labios deslizando ao lobulo, discretamente. De uma forma imperceptivel a terceiros. Pareceria que confidenciava algum segredo. E novamente a voz da morena lhe chamava a atenção. Ele voltava o rosto para a menina que chegava. Puxava delicadamente a loira com ele.
- Claro.. estamos numa manhã de apresentações..
A morena começava apresentando-se, parecia levemente incomodada e isso alimentava a alma de Troy.. tomava a mão da morena para beijar-lhe a mão. os óculos voltavam-se na direção dos olhos da morena.
- Troy Casper Van Dermont.
Apresentava-se..mantinha a mão da menina ali entre as suas ainda mais um tempo, antes de deixar que os dedos escapassem pelos dele. Littrell.. ja tinha escutado falar sobre isso algumas vezes... empresária. Ela lembraria então do nome Van Dermont? Os donos de uma das maiores redes de hoteis casinos internacionais?
- E esta é minha amiga. Sarah Marvel...

A garota parecia um daqueles ratinhos assustados, toda encolhida na cadeira, Sarah teve vontade de rir diante daquela cena, mas se controlou, em vez disso ela abriu seu melhor sorriso e levantou os óculos para olhar atentamente para a garota. Não gostou de ter sido apresentada como uma amiga, mas tanto faz. Troy não passava de um caso mesmo.

-Então, Kelly não é?Eu acho que já te vi por aqui, o seu nome não me é estranho. Você disse que estuda aonde mesmo?

- Bom... - A garota pigarreava antes de falar com a voz meio baixa. - Eu cheguei hoje na cidade. Vim morar com minha tia Margareth. Na verdade eu vim de Reno, Nevada. - Ela terminava de falar e dava um pequeno gole no capuccino, olhando para o líquido somente naquele instante.

Sarah olhava intrigada a garota que continuava a beber seu capuccino toda encolhida na cadeira.

Troy parecia interessado apenas em observar a conversa entre as duas garotas, até finalmente falar:

- Morar com a tia... E por acado vai para Dalton .. Como a Sarah.. que rezou dia apos dia para que eu voltasse.. e entrasse em Dalton também.. os deuses te atenderam.. –Ele lhe mandou um beijinho no ar .

-Como você advinhou isso, querido? -A garota apenas revirou os olhos e pegou um pedaço de seu brownie.

Após ter seu brownie roubado Sarah olhou com uma sobrancelha erguida para Troy, ele estava querendo aparecer ou o que? Ele perguntou algo sobre a noite da cidade e Sarah não conseguiu evitar um sorriso.

-Melhor impossível, parece que as pessoas realmente sabem se divertir em Manhathan. – E como. Ela lembrava-se muito bem como fora a sua última ida a Marquee.

Aliás, por onde andava Nathan? O garoto havia sumido do mapa, de novo, após aquela noite. Continuou perdida em pensamentos até ver a ratinha se levantar e falar que já ia embora. “Tão cedo?!” pensou irônica ao ver Troy fazer menção de se levantar também.

- continua espantando as mocinhas, mon ange...

-Você sabe como fazer surgir meu pior lado, Darling. –Ela sorriu irônica e virou o resto do Macchiato que ainda tinha no copo.