Central Park

O garoto ia saindo com Kelly do posto médico. Ainda prestativo para ajudar a garota a caminhar caso ela precisasse. Logo encontrava o amigo do lado de fora do posto, com o precioso skate do garoto nas mãos e logo o entregava.

- Valeu, Pete. - Dava aquele soco-tapa costumeiro. - Depois nos falamos. - E então seguia com a garota. Depois dessa era melhor ir pra casa também. Escutava a garota e coçava a nuca quando ela dizia que a tia iria ficar louca - Bom, pense pelo lado positivo, pode dizer que não foi sua culpa! - O garoto sorria sem jeito e seguia junto com ela até o ponto de táxi ou onde ela estivesse indo. Quando o veículo finalmente chegava, ele abria a porta para a garota. - Falou, Kelly e mais uma vez, me desculpa. - Fechava a porta e esperava o carro ir embora, assistindo a garota ir para só então voltar a pedalar no skate e ir para o metrô mais próximo.

O Fim de semana estava para acabar,..era domingo e Rachel acordou com vontade de caminhar. O dia nao estava chuvoso, mas sim um pouco nublado e frio, mas estava gostoso. Sua cadelinha, Lorelai estava dormindo ao seu lado quando ela acordou, e foi se arrumar para uma caminhada no Central Park.
Antes de sair do quarto, pensou em levar Lorelai.
-Lore, quer passear comigo?
A cadelinha a olhava intensamente, virando a cabeça e abanando o rapinho enrolado.
-isso é um sim?
Lorelai pula da cama e até ela e dá umas latidas roucas caracteristicas da sua raça.
-agora sim! Vamos pegar sua coleira.
Rachel pega Lorelai no colo e desce as escadas com ela. Elas vão até o armario de agasalhos no hall e lá pega a coleira da cadela e coloca nela.
Mas elas nao iriam a pé até o Central Park, por mais perto que fosse, pois essa raça de cachorros nao aguentam se exercitar demais, entao elas pegam um taxi que passava na frente da casa que por sorte estava vazio.
As duas aos chegarem param numa barraquinha que servia café.
-Um Lattê por favor. – pediu ela
Depois de pagar pelo café, foi caminhando pelo parque com Lorelai.
A caminhada durou só 5 minutos, pois a cachorrinha logo se cansou e Rach teve que parar e leva-la para beber agua.
As duas ficaram ainda no parque por um tempinho, sentadas no banco e puderam ver uma cena bem comica.
Um skatista olhando para o lado e trombando numa menina.
Rachel tentou se segurar, mas soltou uma risada..pois a cena foi engraçada mesmo.
Mas depois se arrependeu de ter rido quando viu que a menina tinha se machucado.
Mas no final pareceu que todo acabou bem para os desatentos.
O cafe de Rach acaba e ela resolve que era hora de voltar para casa e estudar mais uma vez. Ela coloca Lorelai no chao e vou para a saida do parque e pegando um taxi em seguida, indo de volta para a casa.

Katherine tentava manter os olhos abertos, enquanto se protegia do frio cortante que rosavam suas bochechas. Sentada em um banco mais afastada das pessoas, a garota segurava o cigarro natural entre os dedos, sentindo o corpo relaxar a cada trago. Claro, não conseguia perceber a decadência que se encontrava: sozinha, no Central Park, fumando um beck. Totalmente chapada. Não conseguia pensar nas consequências que aquilo poderia trazer, o momento de prazer era o que importava.
A dois bancos dali dois hippies tocavam Led, estavam totalmente loucos e aquela música que mais pareciam gemidos a fez viajar ainda mais. Soltou uma gargalhada boba, e se entregou, fechando os olhos e pendendo a cabeça pra trás, aquilo sim era piração. Mob era realmente bom com o que fazia, conseguia só coisas boas.

Luigi a tirando da festa no colo. Donnie gritando com ela. O beijo no primo nerd. A dança em cima do balcão. O sangue escorrendo entre os dedos no Victrolla. Zuko a puxando para um beijo. Vicent a beijando na chuva. Várias cenas de sua recente vida passavam pelo seus olhos, uma retrospectiva que não deveria estar acontecendo naquele momento de loucura invadiu sua mente, a deixando imóvel por um bom tempo.
Merda.
Sua vida era só porcaria, nada de bom poderia sair dali. É, pelo menos tinha pequenos momentos que valiam a pena. E não queria mudar, sua diversão era sempre garantida. Sentia falta de Zuko e de Donnie, sentia-se abandonada. Uma infeliz fumando maconha no Central Park.
Merda.

Terminou o cigarro e jogou o resto no chão, o apagando com o pé. Resolvera sair dali, talvez uma lanchonete, a larica já já iria começar.

Depois de receber a nota do exame, estava mais tranqüila, e agora nem se preocupava tanto em ir às aulas, acordar cedo e toda aquela besteira. Pegou um táxi e foi até o grande Central Park, apenas para caminhar, e fazer alguma coisa. Abriu o celular e várias vezes cogitou em ligar para All. Na primeira vez, o celular da menina dava como indisponível. Mais tarde tentaria novamente, mas por enquanto preferiu sentar em um banco pouco iluminado. Tirou de sua bolsa um maço de Camel e enquanto olhava o pequeno movimento, o acendia, tragando lentamente. Mais uma vez ligou para Allison, que agora tinha o celular como desligado. Optou por um modo um tanto mais prático, e que de qualquer forma a amiga receberia.

Hey bitch, onde você se meteu? Miss you. X, Anne.

Guardou novamente o celular na bolsa, e após apagar o cigarro, levantou e foi em busca de um táxi. O trânsito naquela noite estava imperdoável, e demorou para que a menina achasse um táxi. Na verdade, não o achou, ele apenas parou ao seu lado, mas para a surpresa de Anne parecia ter alguém dentro, e de repente, a janela traseira foi abaixada, revelando um rosto que ela não pode dizer quem era.

Esperava completar aquela noite de uma forma memorável mas não foi possível. Parecia que tudo estava conspirando contra ele e para piorar viu Rachel com um fuleiro qualquer, sentiu-se trocado e enganado por ela. Enquanto estava pensando nas coisas que aconteceu no Marquee, reparou que o motorista do táxi o olhava pelo o retrovisor. Teve vontade de mandar ele ir à merda. Por que raios estava olhando para ele? Remexeu-se no banco, desconfortável com isso. Por acaso tinha algo de errado? Aquele cara estava conseguindo irritá-lo. Teve a impressão que o taxista ia falar algo, puxar assunto ou coisa do tipo já desde que tinha entrado no táxi o garoto não falou nada além do endereço.

- Ei, garoto... Está tudo bem com você? - disse o motorista espiando-o pelo o espelho do retrovisor.

Terrence olhava pela janela quando ouviu a pergunta e não se movel. Ele iria mandar ele ir a merda, calar a boca e continuar a dirigir, o cara pedia por aquilo. Estava prestes a fazer isso, mas não o fez. Encheu os pulmões de ar e o liberou num suspiro lento. No fim, sabia que não era o motorista que o irritava, mas sim o que tinha acontecido na boate.

- Sim, está tudo bem, man. - respondeu. E o seu olhar cruzou com o do motorista que o encarava pelo retrovisor.

Mentiu. Mas o que adiantaria dizer a ele que não estava nada legal? Desde quando desabafar com um cara que dirige um carro amarelo iria mudar algo? O motorista não havia se convencido com aquela resposta e isso estava claro, mas tinha desistido, talvez tinha caído sua ficha. E Terrence tinha o seu melhor amigo para esse tipo de coisa, Big-T. Uma conversa com T poderia ajudá-lo, tomariam algo enquanto estivessem conversando, fumaria e ligaria para algumas garotas. E então tudo não passaria de uma noite ruim que teve, e nada além disso. A viagem voltou ao seu silêncio e ele preferia assim, não conseguiria ter a mente em paz se o taxista ficasse tagarelando no seu ouvido. Observava as ruas e viu uma garota sozinha. Provavelmente ela estava esperando por um táxi. Terrenceu verificou o horário, já estava muito tarde. Aquela garota continuaria plantada ali porque naquele horário dificilmente encontaria um táxi disponível.

- Man, estacione.

Terrence pediu para que ele parasse perto da garota. O carro parou, a janela foi abaixada e pela pouca iluminação não era possível ter certeza de quem pertencia o rosto que estava entre sombras.

- Hey... Entre. Está tarde e não há muitos táxis nesse horário. Let's go.

A porta traseira foi aberta e o convite tinha sido feito, restava a ela decidir se continuaria esperando naquele frio outro táxi vazio ou se aproveitava a generosidade daquela pessoa.

- Hey... Entre. Está tarde e não há muitos táxis nesse horário. Let's go.
Foi o que ele disse. Nesse momento várias coisas passaram pela cabeça de Anne. Ou que ele estava bêbado, ou que ele fosse algum maníaco, ou que realmente ele só quisesse ajudar uma garota a voltar pra casa. Abriu a porta e fitou Anne, que encarava a maçaneta. Não pensou muito, pois o frio estava começando a tornar defeituoso seus pensamentos, então em alguns segundos, já estava dentro do táxi, apertando o casaco contra si. Olhou para o garoto, agora com um pouco mais de luz, e percebeu que de algum lugar o conhecia, só restava saber de onde. Resolveu quebrar o silêncio e o estendeu a mão.
- Anne. Anne Townsed. - disse ela, esboçando um meio sorriso.
Descobriu que o nome do garoto era Terrence, e então, depois de dar o endereço para o taxista, apenas recostou a cabeça no vidro, olhando para a rua. De vez em quando, olhava para Terrence, e casualmente seus olhares se encontravam. Apertou o casaco com mais força e voltou a olhar para a rua, e o silêncio novamente pairou sobre eles.

O frio castigava e realmente aquele horário não era um dos mais seguros para uma mulher ficar sozinha a espera de um táxi. Dividir o táxi com outra pessoa não seria nada demais. Assim que a garota entrou, disse o seu destino, o motorista deu meia volta. Ele não a olhava, não percebera quando ela o fez, estava ainda distante dali pensando em algumas coisas. Foi quando ouviu a garota puxar papo, ou querendo, ao se apresentar a encarou. Seus olhos cintilaram. Sob a luz cambiante do táxi, viu aquele rosto jovem; de lábios voluptuosos e atraentes. Anne Townsed, ela disse. E ele também se apresentou a jovem no mesmo estilo James Bond que ela fizera, soltando até uma piada divertida a respeito disso e conseguindo arrancar mais um sorriso daqueles lábios que eram atentadores. Às vezes a fitava de canto, criando uma comunicação silenciosa com ela quando seus olhares se cruzavam. Os olhos deles diziam que queria se aproximar, mas não o faria até ela permitir. A não ser pelo zumbido do carro, o silêncio quase religioso prolongava-se. Repousou a cabeça sobre o encosto do banco, olhando para o teto.

- Gostaria de conversar contigo, mas acho que estou sem assunto. - disse ele encarando o teto. Pela primeira vez não tinha o que dizer.

Ele sentiu que os olhos da garota caíram sobre ele no instante em que falou aquilo. Sentiu que ela o questionava com o olhar: "Por acaso falou comigo?", era mais ou menos isso que seus olhos queriam dizer. Mas ele não a olhou, continuava a encarar o teto do carro insensível em relação a tudo que acontecia, ou aparentando. Teve a impressão de ver num relance ela sorrindo. Deveria ter pensando que era um demente. Um nerd que não sabe conversar e fica completamente sem jeito diante de uma garota bonita. Ele se arrependeu do que disse, e disse a si mesmo que jamais cometeria algo mongol daquele jeito. Terrence não duvidou nada de que ela também estaria arrependida de ter pego aquele táxi.

- Podemos conversar então.

O garoto escutou a voz dela. Piscou algumas vezes pro teto que ainda encarava. Era o cúmulo! Provavelmente deveria ter ficado com peninha de vê-lo todo miudo daquele jeito, nem parecendo que carregava em seu sobrenome o nome Lancaster. Ele apenas pendeu o rosto para o lado na direção dela, mantendo sua posição.

- Ótimo. E acho que seria melhor você começar com o assunto, porque se deixar para mim, cansaria de ouvir elogios e verdades sobre como tem uma boca sedutora e como fica bonita sorrindo. - sua voz não tinha muita emoção, saiu baixa e rouca. Abriu um sorriso pequeno que criava a dúvida se o que havia dito tinha sido uma cantada ou brincadeira. Na verdade, havia sido os dois, uma brincadeira-cantada.

Enfim eles começaram a conversar. O que Terrence disse foi o gancho que precisaram para iniciar uma conversa que até parecia divertir o motorista que ria de vez em quando. Falaram sobre a coincidência de estudar na Dalton, do evento que o colégio estava proporcionando. Riram divertidos, como duas crianças. E ficaram se entreolhando várias vezes e ele ainda tinha a sensação de que os olhos castanhos dela conversavam com os seus azuis. O garoto não ultrapassou limite algum, não deixou transparecer o seu interesse, a não ser que Anne não estivesse acostumada a ficar perto de um rapaz educado e gentil. A viagem até o endereço da garota não poderia ter sido mais agradável. E Terrence pensou que dividir o táxi com alguém tinha suas vantagens, e nesse caso, nenhuma desvantagem. Quando o táxi chegou ao destino, os dois ainda riam freneticamente. Demorou alguns segundos até que eles ficassem com a respiração tranqüila.

- Posso dizer até uma próxima, então? - seus lábios ostentavam um sorriso pequeno, calmo.

- Claro, amanhã passarei lá para te buscar, no mesmo ponto. - ele a fitava intensamente, como se já pudesse imaginar o por acaso que aconteceu com eles novamente acontecendo.

Então ela fechou a porta do carro e saiu. O taxista ia partir, mas ele pediu que esperasse. Disse que quando ele contasse até três, ela olharia para trás.

- Um... Dois... Três. - contou tranqüilamente.

Provavelmente o motorista tinha ficado surpreso com o que vinha, ou simplesmente Terrence não tinha reparado que ele sempre teve aquela cara de retardado. Mas o que tinha acontecido? Exatamente o que o garoto disse. A versão feminina de James Bond olhava para trás logo quando ele acabava de falar "três". E o Terrence jurou ver ela sorrir ainda, com certeza sorria. Ele também sorria e fazia isso verdadeiramente. Aquela havia sido uma divertida e proveitosa viagem, talvez voltasse a vê-la novamente, talvez não. Talvez teria sido apenas aquela vez ou talvez haveria muito mais momentos bons como aquele entre os dois. Ele não sabia, mas acharia ruim se qualquer outro dia topasse com ela na rua, no colégio ou dentro do táxi.

- Vamos, man.

O táxi arrancou e seguiu para o endereço de Lancaster. Teria com o que ocupar sua mente agora, o que aconteceu no Marquee não tinha mais importância alguma.

- Gostaria de conversar contigo, mas acho que estou sem assunto. Escutou Terrence dizer, ela então deu um meio sorriso. Finalmente havia conhecido um garoto que não era um completo idiota, ou que começasse a falar grosserias para ver se conseguia alguma coisa.

- Podemos conversar então. - ela simplesmente falou, e pode perceber ele lentamente virando o rosto para ela.

- Ótimo. E acho que seria melhor você começar com o assunto, porque se deixar para mim, cansaria de ouvir elogios e verdades sobre como tem uma boca sedutora e como fica bonita sorrindo. - ele disse, com um tom de sussuro. Anne levemente corou, ficando um tanto sem graça com o comentário.

A partir daí, eles conversaram como se fossem amigos há anos. Falaram sobre vários assuntos, e Anne descobriu que o tal garoto estudava na Dalton também, e do chá que a escola estaria dando antes das merecidas férias, e riam cada vez mais. Anne se sentia cada vez mais confortável com Terrence, que parecia sentir o mesmo.

Quando estavam próximos da casa de Anne, os dois pararam de rir, e antes que o silêncio se restaurasse, Anne disse:
- Posso dizer até uma próxima, então?
- Claro, amanhã passarei lá para te buscar, no mesmo ponto. - Ele disse sem tirar os olhos da menina, e ela pode sentir que havia corado. Sorriu e então fechou a porta do táxi. Ia caminhando até a porta de sua casa, e então virou-se, para dar um último aceno, e teve uma surpresa, pois ele ainda estava lá, e a fitava mais ainda, e ela pudia jurar que ele sabia que ela o olharia novamente. Deu um leve aceno com a cabeça e continuou o caminho até a porta de sua casa, por onde entrou e sumiu para seu quarto. Ainda estava sorrindo, e estava quase parecendo uma debilóide, tapou o rosto com as mãos e balançou a cabeça. Tirou o casaco e em um salto, foi para baixo das cobertas. Zapeava pelos canais, mas ainda sim não conseguia tirar a imagem do garoto sorrindo. Quem diria que um táxi, naquela noite fria, pudesse deixar a garota tão abobalhada.

Sem resposta a sua SMS e mais ferrado do que antes ele pegou o primeiro taxi que viu e se deparou algum tempo depois no Central Park, seu caminho até ali foi meramente evitado pela sua consciência, sem enrolar muito, escolheu um lugar reservado, acendeu seu cigarro de maconha e ficou ali encarando aquilo tudo. Não fez nada de mais, ficou apenas observando, tentando relaxar um pouco, ver as coisas mais claramente.

Talvez ele nunca tenha aprendido a lidar com as pessoas, e esse fosse o motivo por de trás da sua fama de menino rebelde, mas na lista de pendências essa não vinha em primeiro lugar; proibido de entrar novamente no Boulud e obrigado a voltar a Dalton, as coisas tinham fugido do controle, novamente.

Um bipe atrasado finalmente o tira daquele transe, ele pega o celular no bolso e checa a nova SMS.

- Festa? Por isso você não me responde seu porra! - Chuck Byron finalmente havia respondido a mensagem, e pelo que parece ele estava dando uma festa em casa, o tal Chá tinha sido uma furada.

- Só vou dar uma passada - disse mais pra si do que qualquer coisa.

Terminou o seu cigarro sem preocupação e se mandou para o Upper East, precisava beber alguma coisa.

O dia seguinte a confraternização e festa não vinha sendo nada bom. Depois de ter que ouvir a tia reclamar quase o dia todo sobre como Dalton havia permitido que passassem um vídeo daqueles, ainda tinha que aguentar a dor de cabeça que mesmo com o remédio demorou a passar. Por sorte a tia havia se horrorizado tanto com o vídeo que não ficou interrogando do porquê dela ter chegado tão tarde em casa. Depois de passar o dia todo em casa decidiu sair, passear, ou melhor, refletir, e nada melhor do que o Central Park para isso. Vestiu-se com uma blusa vermelha, jeans, botas de couro de bico fino e salto agulha e um sobretudo jeans que ela fechou até a altura da cintura.

- Estou de saída! Vou dar uma volta, não demoro!

Ela gritava sem esperar resposta e já ia deixando o apartamento. Pegava o primeiro táxi que parava e então dizia sobre o Central Park e o homem seguia para o destino. Durante o caminho ela ficou olhando pela janela se lembrando da loucura da noite anterior, tinha que fugir daquilo ou acabaria voltando a ser a mesma de antes, coisa que ela não queria. Quando o veículo parava ela tirava o dinheiro do bolso da calça e pagava a corrida, adentrando o Park. Os braços cruzados um pouco abaixo do busto e os passos sem pressa alguma, refletindo sobre como fazer as coisas da maneira certa daquela vez. Parava somente quando chegava a fonte de Bethesda, achando o lugar ótimo para relaxar. Ela esboçou um sorriso de canto e ficou ali na fonte, olhando em um ponto fixo para frente, dando um suspiro longo, com os pensamentos longe.

O domingo tinha amanhecido um tanto nublado, a garoa fina de inverno teimava em cair e só dava tregua mesmo a tarde. Não demoraria muito para começar a nevar mesmo na Big Apple. Michael levantara um bocado tarde, e era só depois que se dava conta que não tinha anotado o telefone de Katherine em outro lugar além de onde ela havia anotado pra ele, conclusão, tinha perdido o telefone da garota. Ficava carrancudo com todo mundo e por fim, decidia espairecer um pouco e nenhum lugar melhor para fazer aquilo que o Central Park. Se arrumava, colocando roupas bem quentes por conta do frio, acoplava o skate na mochila e a jogava nas costas, saindo de casa e indo para o Parque, que por tantas vezes foi seu refúgio. Lá chegando, tirava o skate da mochila e começava a andar, sem um rumo muito certo, acabava indo para o terraço de Bethsda, e após uma volta por ali encontrava quem sentada próxima da Fonte? Engraçado como o destino agia, já era a terceira vez que se encontravam por acaso. Voltava a guardar o skate e se aproximava da garota, com as mãos dentro dos bolsos da calça.

- Suspeito que alguém gosta de fazer com que nos encontremos por acaso...

Michael olhava para frente e o espetáculo do sol se pondo se fazia bem atrás da estátua do Anjo da Fonte. Sem dúvida era um horário belíssimo para se estar por ali.

A vista ia ficando a cada momento mais linda, a visão do sol baixando logo atrás da estátua que havia ali, ia ficando cada vez mais bela. Era um ótimo momento para se analisar as coisas, para pensar em como arrumar sua vida e não se deixar levar pelas tentações quando então ouvia aquela voz conhecida.

- Suspeito que alguém gosta de fazer com que nos encontremos por acaso...

A garota olhava de lado e via o skatista, era engraçado que numa cidade tão grande, em um parque com tantos lugares para se ir eles ainda conseguirem se cruzar casualmente.

- Também já estou começando a achar o mesmo, sabia? - Ela sorria de canto e deixava espaço para que ele se sentasse próximo. - E o que faz por aqui? Veio encontrar a namorada? - Dizia tranquilamente apesar de querer deixar meio claro a ele que não havia esquecido de que o tinha visto com a loira no Marquee.

O garoto apenas sorria quando ela lhe dava aquela resposta. E se sentava ao lado da garota assim que ela lhe abria um espaço. Escutava as perguntas dela e franzia o cenho. Namorada? Logo se lembrava da noite na Marquee e meneava o rosto negativamente.

- Ela não é minha namorada, Kell. E só vim espairecer um pouco. - Ele olhava mais uma vez para o sol se pondo, ficando em silêncio algum tempo antes de perguntar. - E você? O que veio fazer aqui?

Ela colocava os cabelos atrás da orelha direita e dava um longo suspiro enquanto ia descruzando os braços e apoiando as mãos nos joelhos.

- Vim somente pensar um pouco em algumas coisas, nada de mais. Além do mais, o Central Park é ótimo pra dar uma volta, ver as pessoas e não quis mais ficar em casa, preferi sair, dar uma volta, sabe como é.

Assentia com a cabeça ao ouvir a garota, sorrindo e ladeando o rosto para fitá-la.

- Verdade, o Central Park é ótimo para dar uma volta. Mas sabe um lugar excelente para visitar nessa época e que você não pode deixar de ir? No Rink do Rockfeller Center. - Ele levava a mão até o bolso do casaco e sorria, tirando do bolso dois ingressos. - E por acaso tenho dois tickets para hoje a noite. Gostaria de ir comigo?

- Ah, por acaso? - Ela dava uma risada. - Com tantas coincidências, nem posso dizer não, né?

Ela ia se levantando do banco e novamente cruzava os braços, protegendo-se mais do frio, vendo o rapaz colocando as mãos dentro dos bolsos e seguindo junto a ele para pegarem um táxi e irem ao rink, conversando algumas coisas superficiais no caminho.

- Pare o carro! Pare o carro!

- Hã, como assim? Pra quê?

- Natal não é Natal se não brincarmos de bola de neve! - disse com um sorriso torto, descendo do táxi e arrastando Alice junto.

- HEY! NÃO É PORQUE QUE NATAL QUE EU VOU FAZER A CORRIDA DE GRAÇA! - o motorista berrou cobrando a corrida e Terrence pagou.

O táxi estacionou em frente a uma das entradas do Central Park. As pegadas dos dois marcavam a neve por onde passavam e seus cabelos começavam a ficar úmidos pelo suave manto de flocos que caía.

- Não vamos brincar mesmo de bola de neve, vamos? - Alice indagou com uma sobrancelha arqueada, e quando disse o ar que saiu da boca foi visível.

- E por que não? Nós também podemos fazer anjos na neve, se preferir. - um sorriso até que inocente tomou os seus lábios. Aparentemente aquelas idéias eram divertidas para ele.

Mordeu o lábio inferior, dando uma olhada para o rosto dele e para neve abaixo dos seus pés. - Ahm... Tudo bem.

Terrence abriu um enorme sorriso por ela ter aceito a proposta. E de repente, lhe agarrou a cintura e a fez tombar sobre a neve. Antes que ela caisse feito um pacote, susteve o tombo, e foi deitando-se por sobre ela. Riram bastante, e conforme suas risadas iam se acalmando Terrence fitou os olhos da garota. Afastou um mecha de cabelo que estava pregada no rosto de Alice. Os dois estavam em pleno silêncio, apenas trocando olhares significativos. Sentiu os braços de Alice lhe envolver o corpo e assim aproximando-o mais ainda dela até que o busto estivesse colado ao seu peitoral. O rosto pendeu para frente lentamente e ele esperou até que a respiração ofegante de Alice se tranquilizasse. Pressionou os lábios contra os dela, entreabrindo-os e encaixando, enquanto a língua massageava a dela dando início ao beijo.

Alice sustentou o beijo por um tempo, sentindo o corpo aquecer levemente perante o contato humano. Descolou os lábios e ainda próxima o encarou.
- Eu achei que você quisesse fazer anjos de neve - ironizou, voltando a buscar a boca do garoto, dando um leve selinho - feliz natal.
E sem pensar o empurou, fazendo o garoto cair ao seu lado, rindo. Virou a cabeça, o encarando.
- O meu anjo vai ser muito mais bonito que o seu - provocou em um tom infatil. Abriu os braços e as pernas e começou a movimentá-los, formando assim a figura angelical na neve. O garoto a imitou, deixando lá sua marca também. Ela levantou-se tomando cuidado para não estragar sua obra de arte e pegando um punhado de neve fez um bolinha, jogando em Terrence, que fitava o céu distraído.
- Você não deveria ter feito isso, mocinha - ele levantou-se, fazendo sua bola de neve e jogando de volta na garota, que agora corria pelo caminho semi-aberto na grama. Os dois pareciam dusas crianças se divertindo com uma simples guerrinha de bolas-de-neve, até que bem, Alice parecia ter acertado algo que não era Terrence.
Na péssima iluminação, agarrou-se ao braço dele, semi-cerrando os olhos, tentando visualizar a figura que se aproximava. Nas mãos, o garoto tinha uma bola recém-feita e para piorar, a jogou contra a sombra que se aproximava, puxando a garota pelo braço, inciando uma corrida. Foi o suficiente para o apito do guarda noturno apitar. Ao se darem conta do que tinham acabado de fazer, eles começaram a rir, diminuindo um pouco os passos devido ao folêgo que começara a faltar.
- VOLTEM AQUI SEUS PIVETES - o gorduchino gritava atrás deles - VOCÊS ME PAGAM SEU VAGABUNDOS!

Em tropeços e risadas, eles alcançaram a saída e antes que o guarda os pudesse indentificá-los, Terrence parou um táxi e jogou Alice dentro, entrando logo em seguida. Os dois ainda estavam ofegantes e risonhos. s bochechas avermelhadas dela indicavam o frio exterior e a exaustão. Antes que pudesse falar qualquer coisa, Terry indicou o endereço de um Cafe próximo, dando tempo suficiente dela se recompor.