CLOVERDILLY PUB

Foi almoçar em uma lanchonete estilo anos 50, não conseguiu comer nem metade do hamburger. Pagou com o cartão de credito que era mantido pelo pai e foi para o pub.

VV não era uma empregada do pub e sim uma das proprietarias ao lado de Mob, com quem tinha uma relação aberta. Estava sempre ajudando, recebendo encomendas, fazendo bicos como bartender, separando brigas, arrumando as mesas e gritando com os funcionarios folgados.

Entrou no bar, pegou uma cerveja, se encostou no balcão e ficou conversando com um barman. O pub tinha acabado de abrir, o movimento estava fraco, não tinha ninguem para atender, mas preferia ficar ali do que subir em casa e desfrutar da presença do cara desconhecido que dormia em seu sofá.

Cloverdilly era seu pub preferido. Não tinha frescuras e era frequentado pelo povo legal de NY. La Donnie era conheçido por todos, tinha seu nome assinado na porta de uma das cabines do banheiro masculino e tambem era aonde ele arrumava erva, pó e derivados. Entrou no pub e se sentou no bar. VV, uma antiga amiga e uma das donas do pub, estava trabalhando de bartender naquela tarde.

- Wassup pussy? - ele a comprimentou com a famosa cara de biscate

- Hey sick boy, what can I get you? - ela disse se debruçando no bar na frente de Donnie

- STELLA

VV pegou a cerveja, abriu a garrafa e a entregou nas mãos de Donnie.

- So, what about that girl you knocked up? (e a garota que você engravidou?)

- Desistiu do aborto quando viu o lugar que você me recomendou

- Oh what a loser, e agora? vai pagar pensão Donnie?

- Não, ela sofreu um aborto espontaneo no halloween.

- You lucky bastard! (sortudo)

Uma garota entrou pela porta, VV cortou a conversa com Donnie e gritou.:

- Bob Dylan is inda house!

Logo após o almoço no Complex Beverly, divagando sobre Antonioni e Trouffaut, Dylan e o pai se despediram e seguiram para caminhos opostos. Ele com o carro de volta para o Soho, aonde ficava instalado seu estúdio de criação e produção, enquanto ela, após algumas tentativas, tinha conseguido pegar um táxi e ir para Tribecca.
Chegando ao seu destino, o Cloverdilly Pub, a garota desceu do táxi entregando vinte dólares ao motorista hispanico. Ajeitou a mala de couro em um dos ombros e caminhou em direção a porta, entrando no bar.

-Bob Dylan is inda house!

Dylan levantou as sobrancelhas com sarcasmo. Detestava aquelas piadas com seu nome unisex, mas era inevitável...o fanatismo do pai pro música folk era estampado até mesmo na certidão da nascimento da garota.

- Yeah, it’s me! Hey...- respondeu a saudação de VV, cumprimentando o loiro desconhecido logo em seguida. - E então, como vai tudo? E...cade o Mob?

Dylan tinha passado para o outro lado do balcão, guardando a mala de couro em um dos armários vazios ali dentro. Desenrolou o cachecol do pescoço e tomou a liberdade de encher um pint de Guiness como sempre fazia. Bebeu da cerveja procurando agora por um descanso de copos em uma das prateleiras.

- Bob Dylan is inda house! - ela gritou ao ver a amiga entrando, sabia que aquele era um trocadilho estupido de que a Dylan não gostava, mas era inevitavel faze-lo.

- Yeah, it’s me! Hey... - Dylan respondeu -- E então, como vai tudo? E...cade o Mob?

- Everything is just great and Mob is not here yet, you know the man, totally unpredictable.

Tirou os descansos de copo da prateleira e os entregou para Dylan, em seguida se apoiou no balcão novamente voltando a conversar com Donnie.

- Well, Donnie, this is Dylan.

- Oh, so you're really called Bob Dylan... - o loiro ironizou

- I'm really called "my foot in your ass". - Dylan tinha finalmente achado o encosto para copos, colocando ele e o pint em cima do balcão. - Nice to meet you.

Donnie ergueu a garrafa como resposta. VV se juntou a Dylan, se servindo de guinnes, pegando um descanso de copos e encostando ao lado da amiga. Um gordo bizarro de camisa florida entrou no bar, parou ao lado de Donnie e fez seu pedido a VV.

- Excuse me, sweeteart - ele disse lançando um olhar sedutor fajudo - May I have a beer?

- Dude, I'm not bartending right now. I don't know if you noticed, but I'm in the middle of a conversation here. - ela disse de maneira rude olhando para o cara com desprezo - Faça o seu pedido para aquele cara ali - ela apontou para o outro bartender que estava livre e virou-se deixando o cara no vacuo - So ... how was your fucking halloween? - ela continuou mudando o seu tom, agindo como se nada tivesse acontecido. Esses ataques de furia eram frequentes mas em questão de minutos ela ja mudava de humor

Dylan deu mais um gole da cerveja enquanto subia no balcão para se sentar. Devolveu o pint para o descanso de copos enquanto observava o gordo resmungando qualquer coisa enquanto caminhava em direção ao bartender, fazendo seu pedido para o rapaz ruivo que passava um paninho no balcão.

- Nothing really special. Tive essa festa na casa de um amigo da faculdade, aonde você tinha que ir vestido como alguma estrela do rock morta...

- Eu fui na festa do victrolla. - disse Donnie acendendo um cigarro.

- Victrolla, isso ainda existe? - Dylan tinha levantado uma das sobrancelhas surpresa, fazendo cara de ponto de interrogação ao ouvir sobre o Victrolla. Desde quando ela tinha 17 anos não tinha mais ouvido falar sobre a balada.

- Foi uma reinauguração... What about you Viv?

- Fui para uma festa com os amigos do Mob, tudo que eu sei é que acordei hoje com dor de cabeça e um estranho na minha cama.

- Oh man...a pior parte não é o estranho, e sim não lembrar se valeu a pena ou não.

Foi só falar no diabo que ele apareceu, chegou no bar sem camisa expondo seu peitoral magrelo e peludo com um cigarro pendurado na boca. Foi andando meio torto até o bar aonde se debruçou ao lado de Donnie.

- Get me a beer, bitch.

VV abriu um sorriso ironico, ficou parada com as maos apoiadas no balcão enquanto fitava o magrelo escroto. Donnie e Dylan olhavam desacreditados segurando a risada.

- Look darling, você não está falando com a sua mãe! Seu escroto folgado, que diabos você esta fazendo aqui? LEAVE! NOW! - ela gritava apontando para a porta

- Fine, but give me back my shirt, whore!

- OOOH YOU WANT YOUR STUPID SHIRT? YOU REALLY DO? FIIIINEEE! - ela gritou escandalosamente enquanto sua franja caia em seu rosto

VV tirou a camisa, ficando apenas com um sutiã preto no meio do pub. Jogou a camiseta em cima do magrelo com violencia. Donnie não conseguia se conter, tinha um grande sorriso estampado em seu rosto enquanto assistia o barraco. Essa era VV, louca, imprevisivel, pronta para surtar a qualquer minuto. O cara pegou a camiseta que havia ficado pendurada em sua cabeça, a vestiu e saiu stressado dando passos fortes e rapidos e em seguida batendo a porta com violencia.

- CAN YOU BELIVE THAT JACKASS?

Todos os homens que estavam presentes olhavam para VV como se nunca tivessem visto uma mulher sem camiseta na vida.

- Go get dressed. - Dylan pulou para dentro do bar outra vez. VV tinha o rosto vermelho e os punhos fechados em cima do balcão enquanto fitava o cara folgado deixando o bar. - Eu tomo conta...

VV subiu as escadas que davam acesso ao seu apartamento e foi vestir uma camiseta.

A garota, já dentro do bar observou a amiga subir as escadas estressada, enquanto os homens, incluindo o barman ruivo, a fitavam boquiabertos.
VV entrou no apartamento e bateu a porta logo atrás de si com força, o que fez com que Dylan tentasse amenizar o clima do bar, recompondo o ambiente à sua forma original.

- Ok, George, George... - ela jogou um paninho umido na cara do ruivo que ainda estava encarando as escadas, agora vazias. - Porque você não liga a merda do rádio e coloca algo descente pra tocar, Doors?

O garoto, que acabara de tomar um susto, abaixou atrás do balcão e ligou o stereo ambiente, colocando um The Very Best Of qualquer do Doors. Logo as pessoas tinham voltado a prestar atenção em suas proprias vidinhas, conversas e umbigos.

- So, Guiness...me lembra de casa! - Donnie disse enquanto virava alguns goles da garrafa de Stella, apontando para o copo de cerveja.

- Como assim?! Você é irlandês? - Dylan perguntou com um sorriso surpreso no rosto, enquanto escondia o pint atrás do bar, já que seria no minimo esquisito "beber em serviço". Donnie sacudiu com a cabeça, afirmando enquanto devolvia a garrafa para o balcão, voltando a fumar do cigarro. - What the fuck, você quase não tem mais sotaque...se não tivesse dito eu não teria notado! O que diabos um Irish faz em Nova York?

- Meus pais se divorciaram e minha mãe se casou com um estilista americano, então me mudei pra ca com eles, era melhor do que ficar la com o meu pai, ele é um irlandes rabugento pé no saco!

- Estilista? Estilistas não deveriam ser gays? - a garota estava mais uma vez surpresa.

A história do irlandês com cabelo de paquita parecia interessante. Afinal. não era sempre que aparecia por ai um bretão punk com um padrasto que brincava de corte e costura.

- That's what I keep asking myself! Lucius is a fucking faggot, but he nails my mom. So I don't really know...

- Lucius, you mean, Lucius Cave? Lucius Fucking Cave? - Dylan tinha um sorriso sarcastico no rosto enquanto parecia soletrar o nome do estilista.

- Yeah, That's him...

A garota balançou a cabeça rindo, enquanto observava mais um grupo de pessoas entrar no bar, essas que se acomodavam agora em uma das mesas opostas a entrada.

- You know, 2 ou 3 caras da minha sala... da melhor qualidade, já sairam com a assistente dele. She must be good! Do you know her?

- Laurie, sobrinha do Lucius, minha priminha postiça. She's hot and a fucking whore.

- She is fucking lucky, that's what I say!

Dylan atravessou o bar por de baixo do balcão com um caderno de pedidos na mão, e uma caneta na outra. A vida de bartender-voluntaria era emocionante. Adorava servir o decimo caneco para os bebados viciados em futebol.

Subiu no apartamento, encontrou varios cds espalhados pelo chão da sala. SON OF A BITCH, SE EU SENTIR FALTA DE ALGUM CD EU JURO, JUROOO QUE EU TE MATO, pensou ela bufando de raiva. Vestiu uma regata branca qualquer que encontrou jogada em cima do sofa do quarto e desceu de volta ao pub. O ataque de raiva ja havia passado, ela ja se sentia mais calma, havia voltado ao seu estado de 'bom humor'.

- Hey Dylan, se você quiser eu te contrato! - ela disse ironicamente ao ver a amiga brincando de bartender

- Se você me pagar em homens bonitos com bom gosto eu assino o contrato! - Dylan riu, voltando com o caderno para o balcão, jogando-o na direção do bartender ruivo. - Vendeta man, you REALLY need someone to help you here! Você o Mob e mais esses dois bartenders que revezam turnos não conseguem dar conta...

- Eu sei, eu sei... ainda mais com esse lerdo inutil do George trabalhando aqui. - ela disse fitando o ruivo que brincava com as garrafas- Precisamos contratar gente nova.

- Anuncios de jornal, ou até mesmo na porta do pub não seriam ruins. Eu posso colocar no meu proximo zine que sai semana que vem tambem...

- Yeah, good idea. Vou colocar no jornal e na sua zine, ja é o bastante. Falando na zine, como é que ela esta?

- Nem me fale nessa merda de Zine, for fucks sake! - Dylan passou por de baixo do balcão outra vez, agora para o lado de dentro do bar. Pegou o pint escondido, dando grandes goles na cerveja preta que ja parecia quente. - Preciso de alguem para me ajudar! A galera ta pedindo por uma sessão de quadrinhos, scifi e tirinhas. Eu não vou dar conta de tudo isso sozinha...

- Você precisa achar alguem pra te ajudar com isso, procura alguem na internet...- disse VV apoiada no balcão com um dos cotovelos.

- Quem sabe se você não colocar em murais? Eu mesmo posso colocar na Dalton. Lá sempre tem um nerd ou outro pronto pra esse tipo de trabalho...y'know!

Talvez aquela não fosse uma idéia ruim, na verdade parecia até boa de mais. Na faculdade, todos os semi,mega e e intelectuais de verdade tinham seus próprios fanzines, falando sobre filmes iranianos e documentarios alemães de quatro horas. Um estudante do ensino médio, nerd, fissurado em ficção cientifica poderia fazer algo descente no informativo freak da revista.
Dylan abriu o armario e puxou a bolsa de couro de dentro dele, colocando-a em cima do balcão. Checou o celular para ver as horas,não acreditava que o dia tinha passado tão rápido e que já eram nove e meia da noite.

- Então, você acha que consegue fazer isso na Dalton?
- Sure!
- Ótimo! - a garota pegou um guardanapo e uma das canetas anotando seu e-mail. - Em qualquer pedaço de papel, é só escrever que preciso de alguem que entenda de scifi, quadrinhos e nerdisses. No final é só acrescentar o e-mail.

Logo Dylan se despediu de Valentina e Donnie, deixando assim o Cloverdilly Pub.

Foi fácil de se recordar o endereço, a fachada continuava a mesma. Ali fora o lugar que ele frequentava quando tinha 15 anos. Naquela época ele era rico e entraria em qualquer canto que quisesse mesmo se tivesse 10 anos de idade. Venderam muitas bebidas pra ele ilegalmente, conheceu muita gente dali, mas o ambiente mudou, talvez as pessoas haviam mudado também, afinal foram 3 anos fora de New York. Tinha alguns trocados no bolso, o suficiente pra consumir algumas garrafas de cerveja. Viu um rapazinho ruivo limpando as mesas do lugar, uma gostosa no bar...Hell! Será que o lugar mudou de dono?
Senta-se na cadeira do balcão do bar.
– Hey pretty! Me vê uma budweiser, por favor?
Olhava o ambiente em volta, estava bem mais agradável do que da última vez. Não estava tão cheio devido ao horário.
Pensava se poderia viver mais tranquilo em NY enfim, pois da última vez esteve envolvido em alguns problemas que não seria muito bom pra ele se virem à tona...

Leu o e-mail, deu o ultimo gole na cerveja, voltou a garrafa em cima do balcão e guardou o guardanapo no bolso da jaqueta. VV observava a cena sorrindo. Donnie a mostrou a garrafa vazia pedindo por mais uma.

- So... vejo que você gostou da Dylan - VV disse enquanto abria outra garrafa de Stella e a entregava para Donnie

- She's cool - ele respondeu com indiferença pegando a long neck das mãos da garota

- C'mon O'Flaherty, sei que você não é um cara que faz favores sem receber algo em troca. - ela se debruçou no balcão, aproximando seu rosto do dele

- It's not a big deal. Colar um pedaço de papel com um endereço de email e um anuncio de procura-se nerd no mural da escola não vai ser trabalho nenhum... e ja te fiz muitos favores sem receber algo em troca, lembra?

- Okay than - ela disse se afastando

- So, is Mob coming today? - ele tentava mudar o assunto

- Não faço a minima ideia, não o vejo desde ontem quando fomos para a festa de halloween. Nem sei se aquele traste ainda esta vivo...

- Mob é como Bruce Willis em Die Hard. Sobrevive a overdoses, tiroteios, ataques terroristas, incendios, acidentes aereos... o cara pode jogar roleta russa com um revolver carregado e ganhar. He's not dead for sure.

VV riu, por mais que aquilo fosse uma piada tinha um pouco de verdade.

- You want your dope, right?

- Yes, please - ele disse em um tom ironico

- Pode deixar que eu falo com o Mob, aparece aqui essa semana.

Um garoto entrou no bar e se dirigiu a VV pedindo uma budweiser.

Donnie se virou, olhou para o garoto, abriu um sorriso e se ajeitou com a garrafa de cerveja na mão esperando por mais um showzinho de VV que era sempre rude com esses babacas que a interrompiam. VV olhou ao seu redor, viu que George estava limpando uma mesa. Fitou o garoto de cabelo encebado com sua melhor cara de tédio, pegou a long neck de budweiser que ele havia pedido, a abriu com e a colocou em cima do bar com violencia.

- There you go - ela disse debruçada no bar ainda fitando o garoto

Era dificil iniciar uma relação com VV, ela é sempre rude e tira conclusões precipitadas sobre as pessoas. Era uma pessima bartender, sempre tratava mal os clientes, mas Mob nunca se importou. O pub também era usado para outros tipos de negocios, eles não precisavam agradar toda a clientela para obter lucros.

Estava distraído em seus próprios pensamentos quando tomou um susto com o barulho da garrafa de budweiser batendo no balcão. Olhou pra cara da menina a sua frente e depois olhou pra cara do loiro que apenas observava a cena com um sorriso estampado.
Tony franze a testa levantando de leve a sobrancelha.
– Thank you — Diz ele à bartender que ainda o fitava debruçada no balcão. Tentando fugir do constrangimento e ignorar a má educação da garota, pega a garrafa erguendo-a em direção do loiro ao lado como se o cumprimentasse e toma um longo gole da cerveja.
Após o silêncio causado pelos dois próximo a ele que esperavam ainda uma atitude mais agressiva da sua parte, se pronuncia. Precisava de informação.
– Hã... O Mob ainda é o dono do lugar? — Pergunta para a bartender já esperando outra atitude má educada.

O garoto não revidou a grosseria, apenas agradeceu e comprimentou Donnie levantando a garrafa. VV pegou seu print de guinness que estava apoiado atras do bar e deu um longo gole esvaziando o copo.

- Hã... O Mob ainda é o dono do lugar?

VV levantou as sombrancelhas surpresa, colocou o copo vazio em cima do balcão e virou-se para o garoto do cabelo encebado novamente.

- Você conheçe o Mob? - ela questionou fitando Tony

- Conheço. Bom, não é lance de amizade, mas há um tempo atrás eu frequentava aqui e ele me conseguia algumas coisas. - Bebe mais um pouco da cerveja deixando a garrafa de lado e se senta na cadeira do bar - Só que fiquei três anos fora da cidade e só agora voltei. Quero saber se ele me consegue algum trampo.

- It must be yout lucky day (deve ser seu dia de sorte) - Donnie disse fitando VV

- Estamos precisando de um novo bartender.

O rapaz levanta sobrancelha esboçando um leve sorriso de entusiasmo no rosto.

- Bom, de bebidas eu entendo! Não seria a primeira vez a trabalhar de bartender.

- Okay you're in. O emprego é seu, pode começar amanhã, abrimos a uma hora.

Donnie terminou sua cerveja, colocou a garrafa em cima do balcão junto com uma nota de 50, era sempre generoso com as gorjetas. Se despediu de VV e do provavel novo bartender do Cloverdilly e foi embora.

Bom, já tem um trabalho e um lugar pra deitar. Por mais que quisesse viver às custas do amigo, não suportaria viver sem fazer nada, era um tédio. Nos bares sempre acontece alguma coisa, uma história engraçada ou triste, whatever, o importante é não viver numa rotina chata dentro de um quarto de hotel.
– Ok. Chegarei mais cedo que isso. A propósito me chamo Tony, caso queira saber. — Pega a garrafa de cerveja e bebe o último gole. — Enquanto isso, poderia me servir outra dessas? — Põe a long neck de lado.


Fica ali passando tempo até chegar numa hora boa de ir visitar o outro amigo, Justin, quem pertubara toda a sua infância, sempre agindo como o irmão mais velho chato, mas isso não atrapalhou o fato de serem bons amigos. Deixou a grana das cervejas em cima do balcão e saiu do Pub.

O despertadou tocou, a luz do sol refletia em seu rosto, se levantou, tomou um banho, vestiu suas roupas com cheiro de cigarro e desceu até o pub. George já estava lá, varrendo o chão, limpando as mesas e arrumando tudo.

- Good morning VV - o ruivo disse enquanto varria

- Morning dork - ela respondeu com seu jeito sarcastico

Ja fazia tres dias que Mob não aparecia ou atendia a porra do celular. Varios clientes junkies estavam enchendo o saco e ligando para o bar a cada cinco minutos atras do "Mother Superior" de NY. O bartender que havia contratado tambem não apareceu, provavelmente achou um emprego melhor ou simplesmente desistiu. VV foi até o bar, pegou um garrafa de whiskey e encheu seu copo. Se sentou em uma das mesinhas proximas a janela, acendeu um cigarro e desfrutou daquele saudavel café da manhã enquanto assistia o movimento nas ruas de TriBeCa.

Tinha acordado folgadamente ás 10 am. Despediu as meninas que havia contratado, depediu a colegial, Dexter já havia ido embora e agora ele estava saindo do banho. Revirou sua mochila tentando encontrar outra roupa pra vestir, mas no final só mudou a camisa, pondo uma vermelha com aquela boca linguaruda, símbolo dos rolling stones, e deixou o cabelo molhado mesmo.
Saiu do hotel, pegou um onibus. Dali pro Cloverdilly não demoraria tanto.
Ao chegar no local, a porta ainda estavam fechada. Deu a volta indo até a porta dos funcionarios, ou ele pensou que era e bateu durante um tempo, até que um rapaz de cabelo ruivo abriu a porta.
– Oi, sou o novo bartender.
O rapaz consentiu com a cabeça e o deixa entrar.
Ele segue pelo corredor até entrar de vez no salão. VV já estava bebendo wisky em plenas onze e meia da manhã.
– Good morning. — Tony a cumprimenta já organizando as garrafas de bebida sobre as preteleiras.

O novo bartender apareceu, entrou como se ja trabalha-se la ha anos e foi arrumando as garrafas nas prateleiras. VV fitou o garoto enquanto bebia seu whiskey e fumava seu cigarro.

- Good morning - ele comprimentou

- Thought you would never show up (pensei que você nunca fosse aparecer) - ela disse apagando o cigarro no cinzeira da mesa e se levantando - So, this is the deal boy: no free drinks, no chating with you buddies all day long and no hooking up with the costumers, that's already my thing. (o negocio é o seguinte garoto: nada de bebidas de graça, nada de ficar conversando com seus amiguinhos o dia todo e nada de pegar os clientes, esse já é o meu negocio). Você chega aqui as 10 para arrumar o bar, nos abrimos ao meio dia, tera dois dias de folga por semana revezando com os outros bartenders, o pagamento é um salario minimo... - parou, pendeu a cabeça para o lado e pensou se estava faltando alguma coisa - okay acho que é só isso, divirta-se! - ela diz dando o ultimo gole no whiskey e colocando o copo vazio em cima do balcão na frente de Tony

– That's ok boss. — Pega o copo e o põe embaixo do balcão, continuando a arrumar as prateleiras.
As condições eram as mesmas de todos os bares onde havia trabalhado, menos o fato de não poder pegar alguma cliente, isso foi decepcionante. Quanto ao salário, não se preocupava com isso, apenas não queria ficar parado e gostaria de ter alguma atividade em algum ambiente familiar no qual se sentisse bem.
Substitui algumas garrafas vazias por garrafas cheias, colando uma fita pra medir as doses das bebidas, era uma forma de controle que os bares utilizavam.
Depois faz a contagem das garrafas utilizadas e as cheias, limpa o balcão, liga a máquina de chope, enche os baldes com gelo colocando algumas garrafas de cerveja dentro e em pouco mais de 30 minutos estava pronto pra atender.

- VALENTINA - ele abriu a porta da frente com violência, a deixando bater com força, sem ao menos se preocupar - I'M BACK!
Caminhou calmamente pelo bar, olhando ao redor com um sorriso meio aluciando, enquanto coçava o saco. Na boca, um cigarro pendia de lado, e na mão uma garrafa de Wiskey quase vazia. Apesar das aparências, ele estava de banho tomado e usava uma roupa meio hippie-anos-70. O cabelo desgrenhado se juntava com a barba, parecendo uma grande juba.
O leão estava de volta ao seu domínio e parecia haver uma gazela por ali. Quem era o garoto novo no balcão? O Ignorou ao ver a mulher na janela, indo até ela, pousando a garrafa em cima da mesa e a olhando.
- who is the fuckin guy? he looks like a...chicken - jogou-se na cadeira de frente para ela, abrindo um sorriso sacana - buy the way...hi sexy.

Mob surgiu no pub após tres dias desaparecido. Estava mais limpnho que o de costume, não que ele aparentasse algum tipo de limpeza naquele momento, continuava o mesmo com sua enorme juba desarrumada e as roupas hippies do final dos anos 60. VV fitava o cara com um olhar de raiva. Puxou a garrafa de suas mãos com violencia, deu um longo gole e bateu a garrafa na mesa com força.

- WHERE THE HELL HAVE YOU BEEING MOB? - ela gritou dando um tapão na cabeça do 'leão' - SON OF A BITCH! Você desapareceu por três dias sem dar um sinal de vida. Já estava quase ligando para as cadeias e hospitais locais atras de você cretino! By the way, chicken little is our new bartender.

- CALM DOWN WOMAN! - pegou a garrafa sobre a mesa e virou o resto, a colocando de volta - I'm a live and ok, don't worry - abriu um o sorriso chapado - just beeee happy.
Cruzou a pequena distância entre ele e a puxou, a beijando, levando um tapa grosseiro em seguida.
- FUCK OFF, ASS!
- Outch! why you have to be such a bitch?
- because if I was a whore I would be too easy
- C'mom babe - sua voz era mansa, ele ainda sorria - let' get out here, I have good stuff...
Ela o fitou com dúvida.
- Show me the good stuff.
- I will - a puxou pela mão até as escadas que levavam para a zona particular dela - but not here.
Olhou para o novo barman, parecia o conhecer de algum lugar. Bem, agora não era hora para isso.
- HEY CHICKEN LITTLE, CUIDE DO BAR !
E os dois umiram pela escada.

Terça feira, logo depois da faculdade, Dylan chegou no Cloverdilly faltando vinte minutos para a entrevista com o cara do e-mail. Logo que entrou procurou pelos amigos, que pelo jeito tinham preferido ficar no ócio. George, o bartender ruivo tomava conta do local com mais um rosto novo que ela ainda nao conhecia. O ambiente era relativamente vazio, tanto que a garota conseguiu uma mesa próxima a uma das janelas só para ela. Pendurou o casaco na cadeira junto com a mochila, e de dentro da mesma tirou o laptop e um punhado de folhas, colocando tudo em cima da mesa.
Ligou o computador e logo em seguida abriu alguns arquivos interessantes que condiziam com a zine. Pediu por uma newcastle que logo chegou a mesa, enquanto ela esperava pelo tal nerd.

Pegou um taxi até o Cloverdilly para se encontrar com o escritor da zine. Acreditava no poder de uma primeira impressão, vestiu sua melhor camisa polo, seus melhores jeans, sua cueca da sorte e seu par de vans preferido. O cabelo estava bem arrumado, cheirava a colonia e em mãos tinha uma pasta com todo o material, quadrinhos, reviews, cronicas, tudo o que econtrou e achou util. Entrou no pub, o local tinha paredes vermelhas, uma decoração meio hippie, cheirava a maconha e era frequentado por pessoas excentricas. Olhou para os lados, não fazia nem ideia de como era o editor da Zine, combinaram o local ea hora e nada alem disso. Se dirigiu até o bar, pediu um club soda e informações ao bartender ruivo:

- Excuse me, do you know where Dylan Jenkis is?

- Jenkis? - ele disse procurando Dylan com os olhos pelo bar - Over there - o ruivo disse apontando para uma mesa - by the window - ele entregou o copo de club soda para Dave

Com a pastinha em uma mão e o club soda na outra, Dave caminhou até a mesa proxima a janela. Não demorou muito para o garoto notar que ali se sentava uma menina, e não um cara barbudo como ele tinha em mente. E para ajudar ela era linda, tinha cabelos curtos e castanhos e olhos enigmaticos. Foi quando ele parou para pensar no nome Dylan, nunca havia reparado que aquele era um nome unisex, quando se falava em Dylan a primeira imagem que vinha em sua cabeça era Bob Dylan. Nunca levou jeito com meninas, era desastrado e sempre fazia alguma besteria. Respirou fundo, contou até 10 e foi até lá.

- Dylan Jenkins? - ele perguntou sem grça parando na frente da garota