CLOVERDILLY PUB

Mob mandou George fechar tudo, ia começar a liberar as coisas boas que guardava nos bolsos da calça. Tirou um pacote com a erva e bolou um bem grande para dividir com todos da mesa.

- Quando nós terminarmos aqui - Mob sussurrou - nós vamos bater um papinho na cozinha...tenho algumas coisas novas pra te entregar...

Fez um sinal com a cabeça, pegou a erva das mãos de Mob e deu uma longa tragada, daquelas que queimam os neurônios.

- Mas e ai Mob, arrumou sua van? - ele perguntou enquanto passava o bolado para VV

- Não cara, aquela deu perda total, mas eu vou arrumar uma nova.

- OH I CAN'T BELIVE YOU ARE GETTING A NEW ONE! - VV interrompeu em seguida tragando a melhor erva de NY

VV passou a erva para Dave, que olhou assustado, hesitou por um tempo mas acabou aceitando. Levou o cigarro natural até sua boca com cuidado, sem saber bem o que estava fazendo. Ao tragar começou a tossir, deu um gole na cerveja e se recompôs. Donnie, VV e Mob apenas riram do nerd e continuaram a conversa.

- You will need some serious gas money, cause that thing is a boat. - VV odiava a van de Mob, achava aquilo coisa de hippie alienado

- Who's getting a boat? - Dave questionou sem entender direito a conversa

- You know, there is no gas shortage man. It's all fake! – Donnie começava mais uma de suas teorias de conspiração - The oil companies control everything. There is this guy that invented this car and it runs on water man. It's got a fiberglass air-cooled engine and it runs on water!

- So it is a boat…- Dave continuou em seguida passando a erva para Sophie

[ps.: qualquer semelhança com that 70's show é mera coincidência]

Zuko preferiu ignorar e deixar que Katherine fosse, sabia que ela gostava de sustentar aquele maldito jeito de garota mimada, que ele detestava ter de aturar. Pela primeira vez ele havia percebido o quanto eles eram diferentes, e as N situações e eventos que teve de comparecer nos ultimos meses sem perceber que nada daquilo fazia parte do mundo dele, do mundo em que ele gostava de viver. Apesar de vir de uma familia relativamente bem renomeada, com grandes empresas dentro do mercado norte americano, ele e os irmãos nunca foram criados com grandes cuidados e malditos não me toques. Ele lembrou o quanto detestava o mundo de aparências, rodas de elite e garotas intocáveis, e agora havia percebido que mesmo sem querer, ele já fazia parte de tudo aquilo, e parecia ter deixado uma daquelas pessoas entrarem em sua vida.
Respirou fundo o olhou para a porta do banheiro, ela provavelmente não sairia tão cedo de lá.
Na tentativa de desviar todos aqueles pensamentos de sua mente, enquanto tragava do cigarro, viu uma mão surgindo em cima do balcão de madeira bem a sua frente, seguida por uma garota que parecia ter emplodido do chão. Ela tinha os cabelos curtos e bagunçados, e pelos cincos segundos em que sorriu para Jonas, ele poderia dizer que ela parecia um tanto quanto interessante.
A garota caminhou em direção ao balcão oposto, enchendo o pint de vidro que carregava em mãos, possivelmente a razão para estar abaixada atrás do balcão.

- Hey..I ahm...é que...- ele tentava começar a falar com a garota sem tentar ser grosseiro. - é que já tem uns quinze minutos que estou aqui, e o Ruivo ainda não apareceu...aliás, ele ainda trabalha aqui?

- Trabalha... - ela respondeu, ainda de costas enchendo o copo. - mas se você olhar alí atrás vai ver o porque da falta de atendimento.

Jonas inclinou o corpo para trás tentando ver o que acontecia no balcão atrás da parede. Conseguiu ver um amontoado de pessoas, uma nuvem de fumaça gigantesca, o George,o barman ruivo sendo boicotado.

- Então, o que vai ser? - ela perguntou, dando um longo gole na cerveja que acabara de bombear.
- The good old soup...- respondeu Zuko apontando para o copo que a garota segurava, fazendo referência a Guiness.

Ela deu mais um gole da cerveja, colocando o copo próximo a pia. Abriu um dos ármarios na altura de sua cabeça e puxou um pint, bombeando a cerveja logo em seguida. Procurou por um descanso de copos, caminhou até o garoto e repousou o copo em cima do balcão, logo a frente dele.

- Cheers! - ela sorriu e se afastou, caminhou até a pia, aonde voltou a beber da cerveja.
- Cheers!By the way...eu não sabia que vocês podiam beber em serviço... - disse Zuko com ironia dando o primeiro gole.
- Oh...I don't work here. I just help, and drink...I'm Dylan!
- Zuko, nice too meet you!

Sophie não hesitou. Pegou a erva de Dave e deu uma tragada. Ainda soltando a fumaça pela boca e nariz, disse para o garoto:

- Man, for a geek you are SOOO fuking Dumb!- disse dando mais uma tragada e passando a erva para Donnie, que estava ao seu lado.

Dave a olhou. Abriu e fechou a boca duas vezes como se fosse falar algo mas tivesse pensado melhor. Ele então afundou-se mais na cadeira e deu um grande gole na Heineken. Sophie, que deixara a garrafa vazia na outra mesa, resolveu pedir mais uma.

- Hey, may you bring me a Heineken?- levantou o braço chamando a atenção do bartender ruivo, que de muita má vontade trouxe uma heineken e um copo.

Dylan achou graça. Pela primeira vez ela teria a oportunidade de tirar sarro da cara de alguem por ter um daqueles nomes esquisitos, lincados a celebridades.

- Zuko? Is that your surname? - perguntou com um sorriso desconfiado, enquanto colocava um segundo descanso de copos no balcão, respousando agora a sua cerveja. - Just like in the movie huh...
- Oh man...ninguem nunca reparou nisso até hoje! - bebeu da cerveja segurando a risada. - Uma infeliz coincidencia eu diria...
- John Travolta não diria o mesmo no Grease! Danny Zuko...
- Johnny Zuko. - ele apontou para si mesmo com um novo cigarro entre os dedos fazendo cara de insatisfeito.
- HAHAHA!What in the fuck, are you fucking joking?! - Dylan perguntou incrédula ao ouvir o nome de personagem da Broadway do cara com sotaque de caipira.
- No man, I'm serious! Já não bastava ter esse sotaque de George Bush, ainda ganhei esse nome incrível.
- Ao menos você não ganhou esse nome de compositor folk dos anos 60. Ouvi piadas a vida toda, quando não sou Bob, sou Jakob, Wallflowers ou Betty. Todos os Dylans do mundo...
- Johnny Thunders.
- WHAT?
- Yeah man, Johnny Fucking Thunders! Nossos pais devem ter tomado anfetaminas juntos no woodstock!

Dylan riu. Aquilo era meio louco e surreal ao mesmo tempo. Era engraçado conhecer alguem, que além de ter sobrenome de personagem de musical dos anos 80, tinha nome de roqueiro do final dos anos 60 como ela. Os pais eram realmente malucos, e o fato envolvendo a anfetamina e o woodstock não passava longe de ser algo verdadeiro.

That's ok. Rest hour finaly
Mas só em sua cabeça, pois no mesmo instante chegara um casalzinho, o mauricinho e a patricinha do pedaço. Fecha a cara e fita os dois chegando no balcão para encurtar a sua preciosa hora do descanso. Contudo não dizem nada e Tony fica ali observando a hora que pediriam alguma coisa, ouvindo a conversinha deles e se controla pra não rir da patricinha limpando o banco antes de sentar-se.
Que ironia. Limpa o banquinho pra não sujar seu bumbum de porcelana, mas manda pros pulmões mais de 1000 substâncias venenosas presentes numa guimba de cigarro. Tudo igual...
A mesma menina de cabelos curtos o fita por uns instantes, como se já o tivesse visto em algum. Tony estremece, não podia ser alguém pra quem ele estivesse devendo. Normalmente os caras com quem ele se envolvia eram duas vezes o seu tamanho e largura.
Visto que a cleaning girl se afastou indo em direção ao banheiro do local, e Dylan chegou pra servir de companhia pro mauricinho, pôde finalmente tirar o seu momento de descanso. Vai até VV e avisa que ia tomar um pouco de ar lá fora, não pretendia ficar naquele meio (nem podia). Ela assentiu e ele foi direto pro banheiro dos funcionários. Puxa do bolso um vidrinho com alguns comprimidos, tira dois e põe na boca, engolindo a seco mesmo. A fraqueza que sentia estava demorando demais pra ir embora, mais do que nas outras vezes. Mas consegue se manter em pé. Volta ao salão, procura uma mesa no canto, ao sentar-se ele se debruça sobre a mesa e começa a cochilar.

Nunca em toda sua vida tinha experimentado aquilo ou ao menos pensado em experimentar. Mas recusar não parecia uma boa opção naquele momento, não queria parecer o ‘square’. Estava se entregando aquilo sem pensar, contradizendo tudo o que sempre acreditou sobre o uso de drogas. Mas se sentia bem, talvez fossem os efeitos da droga, mas não podia negar, se sentia muito bem. Sua mente parecia estar desligada de tudo, não estava mais raciocinando, sua cabeça estava relaxada, já estava até rindo sozinho de coisas completamente infames. Pegou a garrafa de cerveja e bebeu tudo de uma vez, em seguida gritou para o bar tender ruivo:
- BRING ME ANOTHER BEER MR. CARROT!

A erva já tinha acabado, estavam todos jogados na mesa conversando sobre qualquer merda. Foi até Mob, aproximou seu rosto do dele e apoiou as mãos em seu peito.

- Do you still have those magical pills? – ela sussurrou no ouvido de Mob, que abriu um sorriso, tirou o porta níqueis de crochê do bolso, pegou um comprimido e a entregou discretamente sem que ninguém percebesse. VV colocou o comprimido na boca com agilidade e engoliu ao mesmo tempo em que secou sua garrafa de heinken.

- GEOORGE! GEOORGIIIE! - ela gritava pelo ruivo mais uma vez - Me traz mais uma cerveja e coloca alguma coisa decente pra tocar!

George chegou com a cerveja, o ruivo já parecia exausto, não parava por um minuto. VV viu o novo bar tender dormindo em uma mesa no canto. ASSHOLE, pensou ela. Mas aquilo não era seu problema, agradeceu a George e deu um gole na cerveja. Em seguida o ruivo colocou THE DOORS para tocar, realmente sabia como agradá-la.

Assim que a erva acabou Mob o chamou em um canto, dizia ter alguma coisa nova para lhe mostrar. Terminou a cerveja, colocou a garrafa vazia na mesa e se levantou. Apoiou sua mão na cabeça de Sophie e disse:

- Be right back pussy.

Ele e Mob foram até os fundos do bar, Donnie encostou-se a uma prateleira e fitou Mob com curiosidade.

- So, show me man? What is it?

- Well - ele puxou a bolsinha de crochê - eu vou te dar UM exemplar...porque essa merda é caro pra caralho e eu não tenho muito - tirou comprido azul e entregou ao loiro – this is the best thing ever man, trust me...

Donnie fitou o comprimido azul em suas mãos com certa duvida, mas Mob sempre tinha razão quanto a qualidade de alucinógenos, sempre que trazia novidades trazia coisas boas. Engoliu a balinha azul com agilidade. A principio não sentiu nada.

- So what is this thing?

- Você vai ver.... - deu um tapinha em seus ombros e olhou de volta para mesa - so, you have a new girlfriend, hãn?

- WHAT? GIRLFRIEND? NO. - respondeu Donnie meio sem graça

Foram até o bar, Donnie pediu uma garrafa de wiskey e voltou para a mesa acompanhado de Mob. Se sentou ao lado de Sophie novamente.

- I'm back pretty - ele disse abrindo a garrafa e em seguida dando um gole

VV colocou sua cerveja de lado e puxou o wiskey de suas mãos. Donnie ja começava a sentir algum efeito dos comprimidos. Já estava vendo Sophie e VV sem roupa se jogando pra cima dele. Uma musica começou a tocar: Well I guess it would be nice, If I could touch your body, I know not everybody, Has got a body like you. Ambas a cantavam enquanto tiravam sua roupa. “Oh, that’s my cellphone”, derrepente Dave também surgiu sem roupa, fazendo Donnie saltar da cadeira assustado e “acordar”.

- Gosh, you have George Michael as your ringtone? - VV ria da cara do nerd

Dave se levantou e foi até um canto atender o celular, Donnie deu um longo gole no wiskey tentando se esquecer daquela visão do inferno.

Encostou na perede e se olhou no espelho velho e rachado em cima da pia. O que diabos estava acontecendo com ela? será que foi toda aquela empolgação do momento por estar com ele, ou talvez o surto da gravidez? Por que se deixara levar tão facilmente pelo hot cowboy with perfect blue eyes? Apesar dela e Donnie serem completamente opostos, o lance era apenas sexo e drogas, mas com Zuko estava ficando mais sério, sentia algo real por ele, ou pelo menos se importava.
Apoiou as mãos na pia e olhou pro ralo. Lugar repugnante, por sinal. A privada não tinha tampa, as paredes rabiscadas e assinadas, nem água deveria ter, muito menos papel. O que estava fazendo ali mesmo? Respirou fundo, precisava recuperar sua pose e voltar pro bar, beber algo forte, fumar mais um cigarro e convencê-lo a sair dali. Ou talvez simplismente ir embora, não era obrigada a se submeter aquela situação.
Destrancou a porta e saiu, olhando novamente ao redor. A mesa de Donnie agora estava cheia, eles pareciam se divertir e o cheiro já conhecido de marijuana era sentido a quarteirões de distância. Reparou que o barbudo hippie não parava de olhá-la, mas ignorou e foi até o balcão. Zuko estava todoa animadinho, conversando com uma cultizinha sobre algo intediante.
- Hi - ela parou ao seu lado e olhou para a menina - e você é...?
Antes que ela pudesse responder, seu celular começou a tocar desesperadamente do bolso, ela o tirou e atendeu.
- Hello Little K.
- Quem é?
- Não está reconhecendo minha voz..?
A ligação estava falhada e a música alta, mal conseguia ouvir. Deu um aceno pra Zuko e saiu, respirando o ar fresco, livre de odores ilícitos.
- Hello?
- So, do you have some fun?
- QUEM É?
- You don't remember me, dear?
- No, asshole.
- Uh...don't be so mean...você não gostaria de ver certas fotografias suas circulando na internet, gostaria?
Ficou irritada, provavelmente era algum babaca da escola que conseguira seu número e achou divertido passar-lhe um trote. Desligou o celular e o jogou de volta na bolsa, pegando mais um cigarro e o acendendo.

Após uma conversinha com Donnie, ele voltou a mesa, viajando por algum tempo no bar. Foi quando algo...alguém diferente chamou sua atenção. O que aquela patricinha estava fazendo em seu pub? Coçou a barba e voltou a olhá-la...será que Dylan a conhecia? E quem era o tal do bar que conversava com ambas? Será que ele ficou tanto tempo ausente que mal percebeu o quanto o pub estava diferente?
Voltou a olhá-la, como se tivesse hipnotizado...é claro que a droga ajudava, mas OW, ela era realmente gostosa. E tinha uma beleza triste, algo meio enigmático que prendeu sua atenção.
Viu ela atender o celular e a segiu com os olhos até a saída. Ninguém frequentava seu pub sem ao menos conhecê-lo. Levantou-se e roubou a garrafa da mão de VV, dando um longo gole e deixando a bebida na mesa, abriu a porta e saiu.

E os efeitos do comprimido começavam a deixá-la louca, sentia um desejo absurdo de agarrar a primeira pessoa que visse na frente. Já estava pronta para um segundo round com Mob, mas ele já estava distante, babando em cima de alguma patricinha escrota que estava perdida pelo pub. Donnie também estava babando em uma patricinha, aquela anã que o acompanhava. Não entendia porque homens gostavam dessas ninfetinhas babacas. Olhou ao seu redor em busca de um cara decente. Tudo que viu foi um monte de hippies nojentos, o bar tender dormindo e alguns motoqueiros gordos e peludos.

Levantou-se, foi até a jukebox, aumentou o volume e começou a cantar acompanhando a musica do Doors. Passou por baixo do balcão e começou a procurar alguma coisa para beber no bar. Pegou uma garrafa de tequila e voltou para a mesa ainda cantando. Parou de pé em um canto ao lado a cadeira em que Dave estava sentado, encostou-se à parede e deu um gole na tequila que desceu queimando sua garganta. He is kinda hot, pensou ela fitando o garoto que estava com os olhos vermelhos, olhando para o nada com a cerveja esquentando em suas mãos. Começou a alucinar, imaginava o garoto usando calças de couro e com o cabelo mais comprido, assim ele ficava parecido com seu sex simbol Jim Morrison. Sem pensar duas vezes, colocou a garrafa na mesa e se aproximou do garoto. Tirou a cerveja de suas mãos e a jogou em um canto, o puxou pelo colarinho da camisa e o empurrou contra a parede.

- C’MON C’MON! C’MON C’MON! NOW FUCK ME BABY! – ela cantava alterando a letra de Touch Me

Puxava os cabelos de Dave enquanto o beijava violentamente. Ele por sua vez ficou imóvel, com as mãos apoiadas no ombro de VV e os olhos arregalados.

OOOH MY FUCKING GOD! Derrepente sua sorte tinha mudado, todos aqueles anos living la vida loser estavam sendo compensados naquele momento. Suava frio, suas pernas tremiam involuntariamente e realmente não sabia como agir. VV o soltou por um segundo, permaneceu ofegando enquanto ainda segurava seu cabelo com força. Aquela pausa foi tempo o suficiente para Dave respirar fundo, tomar coragem e agarrá-la novamente. Apoiou suas mãos na cintura dela e a beijou intensamente. Mais uma vez VV soltou o garoto, afastou sua cabeça da dele e o fitou com um sorriso sacana. Pegou a garrafa de tequila em cima da mesa, deu um gole e a passou para Dave que levou a garrafa até sua boca, fez uma cara engraçada, engoliu forçado e colocou a garrafa em cima da mesa de volta. VV o puxou pela mão e o guiou até as escadas no fundo do bar.

Enquanto ele e Dylan divagavam sobre bandas, seriados nerds e quadrinhos, Katherine resolveu dar o ar de sua graça, destrancando a porta do banheiro. Caminhou até o garoto com aquele maldito ar de ser superior que veio a terra para nos salvar. Deus! Como ele detestava os Upper East Siders! E como era irritante agora, ter Katherine ao lado lede, o lembrando a todo momento daquilo.

- Hi - ela parou ao seu lado e olhou para a menina - e você é...?
Antes que ela pudesse responder, seu celular começou a tocar desesperadamente do bolso, ela o tirou e atendeu.
- Quem é?
A ligação estava falhada e a música alta, mal conseguia ouvir. Deu um aceno pra Zuko e saiu, respirando o ar fresco, livre de odores ilícitos.


Zuko perdeu Katherine de vista. Talvez o toque do telefone tivesse sido um desses milagres divinos, antes que ela começasse a atacar a garota com quem Zuko conversava.

- So, who is she? - questinou Dylan com um ar irônico, ja sabendo qual seria a resposta do garoto.
- Oh, she is my date. - respondeu Zuko enquanto fumava o cigarro com desinteresse, desviando os olhos da porta. - Just a date...
- Uhum, I see. So you are a shagger? A Don Juan...a seducer of young vunerable women.
- I wish! - ele respondeu rindo.
O sino da porta havia tocado. Ele olhou esperando encontrar Katherine, voltando com o celular em mãos, o puxando pela gola da camisa, dando chiliques desnecessarios. Mas não, era apenas o cara barbudo parecido com o Chris Robinson deixando o bar.

Mob viu a garota encostada no muro, fumando. Arrumou a barba e cocçou a barriga, caminhando em direção a ela.
- O que uma Calvin Klein faz em um buraco do Tribbeca?
Ela parecia distraida, levando um leve susto ao vê-lo.
- Não era pra eu estar aqui.
Estranhou a reação da garota, aqueles tipinhos geralmente faziam cara de nojo e saiam de perto dele.
- E eu posso saber o porquê? - encostou na parede e a fitou, tirando do bolso o resto do cigarro natural.
Katherine olhava o céu, parecia perdida em pensamentos e não se importou com a compania. Talvez ser amiga de um cara daquele tipo não fosse ruim, talvez eles apenas conversassem e nunca mais fossem se ver.
- Acho que ele não me quer mais...a gente sente quando não rola mais sabe?
Mob sentiu-se confuso. Do que diabos ela estava falando? Provavelmente de algum namoradinho playboy babaca que a maltratou ou coisas do gênero. Merda, deveria ter ficado la dentro...não queria ninguém deitado no seu divã. Acendeu o cigarro e tragou, oferecendo a garota. Ela hesitou por alguns segundos, mas pegou e deu um longo trago, segurando a fumaça o máximo possível e devolvendo pra ele.
- Você não me parece do tipo que precisa de homens...
- Tá me chamando de lésbica?
- HAHAHAHAHAHAA não...eu digo...você me parece meio auto-suficiente.
- E eu acho que esse é exatamente o problema - roubou o cigarro da mão dele - talvez eu fique melhor sozinha.
- É, talvez...
Deu uma olhada de canto para Kath. Por um segundo pode sentir um pouco de decepção em seu olhar, a tristeza de não ver um sorriso. Respirou fundo e se enconstou no muro ao seu lado. Sentia-se relaxado, era o máximo que a maconha conseguia fazer em seu corpo. sem hesitar puxou a mão da garota e segurou, a olhando.
- I have coke, ectasy, crystal, bala, doce, lsd, maconha e tudo que você precisa pra matar essa solidão.
Ela soltou a mão e o encarou. Fazia tempo que não se divertia com substâncias ilícitas e sua vida estava realmente chatinha. Deu um sorriso canto de boca, o hippie havia caído do céu.
- Ok, but not here - jogou o restinho do beck no chão e o apagou com o pé e antes que pudesse tomar qualquer providência viu Zuko saindo do pub com a garota do bar.

Zuko saiu do bar, segurando o telefone celular enquanto parecia digitar alguma coisa no display, deixando que Dylan o acompanhasse logo em seguida. Guardou o celular no bolso do casaco, puxou um cigarro e o acendeu, ainda conversando com a garota. Hesitou por uma fração de segundos olhando para o lado, vendo Katherine e o cover vocalista do Black Crowes conversando, encostados no muro.

- Hey man! - disse Dylan enquanto se aproximava de Mob, deixando Zuko alguns passos para trás. - Porque você não tá na fanfarra junto com caras?
- Precisei de ar - respondeu, colocando as mão no bolso e sorrindo para ela - e você Bob, já vai?
- Você precisa é de vergonha na cara... - ela retrucou com ironia dando um soco de leve no braço do barbudo. - Meu taxi já deve estar por aí...

Dylan puxou o celular do bolso checando as horas, Zuko permacia próximo a porta fumando, mantendo contato visual com a super interação entre a garota e o barbudo, alem de não conseguir ignorar a presença de Katherine.

Katherine olhava a porta fixamente. Viu os dois conversando e rindo e ele segurando o celular. Sentiu uma leve pontada de raiva e ciúmes, mas ela não desceria do salto. Comprimentou a garota com a cabeça e caminhou até Zuko.
- Então...você já vai?
Ele tragou do cigarro, voltando os olhos para a rua.
- Maybe...
- Então vai ser assim? A gente discute por nada, fica sem olhar na cara do outro e você simplesmente vai embora?
- Keep your voice down.
- Eu não estou gritando e muito menos fazendo escândalos Zuko, eu estou tentando conversar com você, que pelo visto nem isso você consegue.
- Ok, então, let's talk, let's fucking talk. You start.
- Na verdade, nós não temos o que conversar, eu já entendi, você não está afim e eu não vou ficar me submetendo a isso. Foi muito bom enquanto durou, mas acho que já está ficando podre.
- Provavelmente, já que as pessoas sempre tem uma data de validade dentro da sua vida. Funciona assim, não funciona? - ele a encarou por alguns segundos tragando do cigarro. - entrar na sua vida é facil Katherine, mas impossivel é entrar aí. - ele aprontou para o peito da garota com o cigarro entre os dedos.
- Como se você tivesse muito interesse de entrar aqui - ela tocou o próprio peito, como se estivesse indicando o coração.

Não era a voz do Jim Morrison, nem a voz de VV cantando que não o deixava cochilar, e sim aquele mal-estar maldito que o deixava ofegante e com as extremidades das mãos e dos pés formigando.
Levantou-se meio torto pela fraqueza e foi andando até o bar. Já passara por isso varias vezes, mas agora os sintomas estavam durando mais tempo. Vai pra trás do balcão e pega umas pedras de gêlo e põe na boca pra humedecer a garganta seca. De repente o celular toca.
– Hey bitch! — Reponde entusiasmado ao ver que era Dexter. — Alright. De repente você descola aqui uma boa. Aqui tem de tudo... Ok. Cya later.
Só em saber que o amigo viria ao pub seu semblante mudou um pouco. Guarda uns copos jogados de lado em cima do balcão e prepara uma bebida pra um louco com a barba que vinha até o peito.

- I'm so tired of this shit, so fucking tired! As coisas sempre funcionam do jeito que você quer, e como você quer. Já percebeu? Eu tenho serventia pra você até discordar de alguma coisa mínima e você armar todo o seu circo. Eu tentei, eu realmente tentei entrar...
- E em que você discordou comigo que me faz armar meu prórpio circo?
- Sex, babies, family...even your stupid fucking film. - ele respondia gesticulando com as mãos.

Um taxi se aproximou da calçada, estacionando em frente ao Pub. Dylan começava a se despedir de Mob, dizendo qualquer coisa sobre voltar no dia seguinte.

- Sabe o que eu realmente acho Jonas Zuko? Que eu fui realmente estúpida em me preocupar com você, em correr atrás de você e até cogitar em sentir algo por você. Eu perdi um mês da minha vida me preocupando com alguém que neste exato momento está me julgando por algo que eu não tive culpa. Eu sou assim e não te pedi, em nenhum segundo para participar dessa minha merda de filme. Eu não vou correr o risco de me entregar a você e me foder depois, assim como eu estou me fodendo agora. - Ela segurou o choro, e respirou fundo, correndo a mão pelo cabelo. - Eu acho melhor a gente parar por aqui.
- Yeah, I'm just like the others. - ele retrucou com raiva na voz. - Just like your brother,your dad or even Donnie's baby. Whatever...do whatever you wanna do. - ele tragou do cigarro pela ultima vez, jogando a bituca no chão. - I'm out...HEY DYLAN, PRA ONDE VOCÊ VAI? - disse em voz alta, desviando os olhos que pareciam humidos para a garota que acabara de entrar no taxi.
- Soho! - ela respondeu com a porta ainda aberta.
- Really? Can we share the cab?
- Yep, sure!

Zuko deixou Katherine na calçada, caminhou e entrou no taxi sem olhar para trás. Bateu a porta fingindo tranquilidade enquanto queimava por dentro, mantendo os olhos firmes na direção do motorista, que acelerou o carro, deixando assim Tribecca.

Katherine sentia a raiva lhe queimar por dentro. Queria gritar, explodir, se jogar na frente do taxi e puxar Zuko dele, o agarrar e dizer que não o queria fora de sua vida, mas o estrago já estava feito e ela, com certeza não voltaria atrás. Respirou fundo e enxugou as lágrimas e já que era pra foder, vamos foder com classe. Foi até Mob, que assistia a situação atento.
- Então - ela deu um soluço baixo - vamos começar a matar minha solidão agora.
- Você está bem?
- Não.
- Ok...vamos dar o fora daqui. Vou mandar os meninos tomarem conta do bar...
Ele entrou no bar e ela foi até o estacionamento, pegando o carro e parando em frente a porta vermelha. Mob avisou que estava saindo e mandou George e Tony tomarem conta. Entrou no carro da garota e indicou o endereço perfeito para se escapar do mundo.

Demorou um certo tempo até que eles chegassem no Pub. O lugar já era familiar pra Dexter, das vezes que veio conseguir alguma droga sem ter que ser flagrado por nenhum dos idiotas que ficam mandando e-mails pr'aquele blog de fofocas. Olhou pra cara de Alice que provavelmente estaria perplexa pelo 'mauricinho-engomadinho' ter trazido ela na pior parte de Tribecca.
– Ok. This is it. — Diz Dexter enquanto paga o motorista.
– Right.
O 'bom moço' deixa a porta aberta e ela desce do taxi puxando o casaco mais para si. Na porta, pode ver alguns bêbados e drogados e agarra o braço de Dexter antes de se aproximar. Ao entrarem no pub, Alice tosse algumas vezes. O ambiente estava branco da fumaça que os bolados queimados produziam.
– Hey! There you are! — Disse Dexter ao ver o amigo no balcão.
– What's up bitch! — Tony joga a flanela com que limpava o balcão sobre os ombros. Olha pra garota com um olhar malicioso — And... who is the girl? Your girlfriend?
Dexter dá uma risada. Se ela não estivesse distraída o suficiente olhando curiosamente o ambiente, talvez já teria voado no pescoço dele pela sua 'insolência'.
– No man. Just friends. Alice — Dexter exclama tentando trazer de volta a atenção dela — esse é o amigo que te falei, Tony.
O rapaz estende a mão pra ela.
– Nice to meet you.
Ela o fita de cima abaixo, mas mesmo assim o comprimenta, dizendo um 'hi' baixinho.
Aparentemente Tony estima a garota e já emenda — Então? O que querem?
– Budweiser ever. E pra ela...
Alice o interrompe dizendo o seu próprio pedido — Wiskey.
– A garota é mais forte que você, Dex. — Tony põe a cerveja e enche o copo de wiskey.
– Blow me. — Dexter toma metade da cerveja de uma só vez.

Os dois sentaram-se no balcão mesmo, a casa estava cheia. Deu um gole na bebida, sentindo essa queima-la internamente enquanto descia. Alice se esforçou para não fazer caretas, o que foi impossível, já que a bebida era realmente forte.
Ela permanecia em silêncio, ainda olhando o local enquanto os dois amigos conversavam. Bebericou o wiskey mais algumas vezes, sentindo seu corpo agora mais quente e mole. Levantou-se e tirou o casaco, deixando a mostra o vestido preto que usava, ressaltando as formas femininas. Viu alguns homens a observando e deu-se conta que tirar o casaco naquela ocasião não era a melhor opção, o colocando de volta rapidamente.
- Então - ela interrompeu a conversa - o que diabos você faz trabalhando em um lugar como esse?
– As pessoas entediadas vem ao pub pra beber e relaxar, fugir dos problemas. Eu decidi fazer isso de uma forma mais sóbria.
- Nice - e sem perguntar mais nada, voltou a atenção para o restante de wiskey em seu copo. Era estranho demais para ela estar ali, vestida daquele jeito, bebendo alcool e conversando com pessoas completamente opostas a ela.

Dexter resolve ir no banheiro e Alice o espera bebendo algumas doses a mais de Royal Salute já nem mais fazendo aquela cara feia após os goles e conversando com Tony que falava sobre suas viajens dando uma de 'Che Guevara' e sobre sua volta repentina por falta de dinheiro.
Dexter volta para o balcão interrompendo a conversa dos dois, se aproxima mais de Tony sussurrando.
– E o homem? Tá aí?
– Oh no man. Ele saiu com uma patricinha abandonada aqui por um garoto com um jeitão caipira.
– Shit! Eu tô sem nada.
Alice já estava um pouco mole e com os olhos levemente estrabiados devido ao excesso de álcool, e apesar da discrição de Dexter, ela teria notado sobre o que os dois estavam falando.
– Aguarde-o um pouco. Ele deve estar chegando aí. Deve ser só uma rapidinha.
Chega um casal homossexual com um estilo punk, jaqueta de couro e piercings na língua, no lábio e em um monte de outros lugares pedindo cerveja. Tony deixa Dexter um pouco de lado para atendê-los.

Alice já estava mais pra lá do que pra cá. Sentia a bexiga pesar, precisa de um banheiro imediatamente. Levantou-se, apoiando-se em Dexter.
- Vou ao banheiro, daaaaaarling - a fala saiu enrolada - já volto.
Ela caminhou pelo bar, a procura do banheiro, e acabou saindo em frente a uma escada atrás do balcão. A subiu, apoiando-se na paredee olhando concentrada para a porta que aparecia na frente.
Empurrou a porta devagar, espiando pra dentro. Aquilo não lhe parecia nada com um banheiro, mas a curiosidade matou o gato. Apurou os ouvidos e semicerrou os olhos. Gemidos ecoavam ao longe e ela jurava que pode ouvir a voz de Dave. Deu passous silencioso e quando menos esperada, deparou-se com a pior cena de sua vida: um casal enroscado fazendo movimentos demais. A boca abriu mais ainda quando reconheceu as feições do amigo geek. Não conseguia mover um músculo, aquilo era um total choque e antes que pudessem percebe-la, saiu correndo, descendo as escadas sem ao menos olhar os degraus. Localizou Dexter e foi até ele.
- Nós precisamos ir embora, AGORA!

– Ir embora? Por que? Acabamos de chegar!
– I just... need to go home, ok!
– Take it easy! Tell me what happened?
– Eu vi... — ela respirou fundo e olhou pro chão — ele estava com outra.
Dexter tentou fazer algum tipo de ligação com as palavras soltas que ela estava falando, sem muito sucesso. Pede água pra Tony que já a serve.
– Breath first. Agora me diz com calma o que aconteceu.
Alice bebeu toda a água em poucos segundos, batendo o copo no balcão. Olhava pra Dexter esboçando uma expressão tímida enquanto o rapaz a esperava vencer a hesitação e contar logo a verdade. Não resistindo mais, ela solta:
– I have a crush for a friend...Dave Monks — não conseguia encará-lo, abaixando a cabeça e olhando para seus pés — ele estava lá em cima, com uma garota...
Dexter entorta a cara, não ficando tão surpreso com a notícia, afinal, ela só podia estar apaixonada por um outro nerd mesmo, mas de um certo modo sente pena dela. Bebe mais um pouco da budweiser e exclama: – That sucks!

Alice sentia-se um lixo total. Sua auto-estima sempre fora baixa, mas agora estava mais caída que peitos de velha.
- Sucks?! Just sucks? IT'S AWFUL! I just...i'm a idiot...
– You're not. Não se lamente tanto. De repente é só sexo. Essas coisas acontecem. Você ainda tem chance. — Bebe o último gole da cerveja — Seja mais confiante!
- Não, você não conhece Dave. Amanhã ele vai estar completamente apaixonado por ela. Ele nunca me viu como uma 'garota'...eu sou a amiguinha nerd e feia que serve pras horas vagas...
Dexter levanta uma das sobrancelhas, com um leve sorriso brotando no seu rosto.
– Listen me Alice, você tem as ferramentas pra conquistar esse seu amigo, só que... você não sabe usar.
- What?
– Você tem que aprender a ser segura e sedutora. Agora, nem tudo é possível. Pode ser que você não consiga conquistá-lo, mas posso te ajudar a tentar.
- E você é o que agora? Um livro de auto-ajuda?
O rapaz revira os olhos e solta uma bufada.
– É, refinada desse jeito será difícil.
- O que você que em troca, Morgan?
– Nossa! Será que é tão difícil assim acreditar em bons atos vindos de mim? Me arruma mais uma cerveja — Acena pra Tony que de pronto põe mais uma latinha sobre o balcão — Mas já que você tocou no assunto, você vai simplesmente ficar me devendo essa. Quando eu precisar de alguma coisa, eu digo.
Alice pensou por algum tempo. Sempre descartara, a vida toda, a possibilidade de lutar por algo que envolvia romance e amizade. E agora alguém estava lhe oferecendo ajuda para uma batalha e tanto. Talvez fosse melhor voltar pra casa, tomar um banho e pensar melhor, esse tipo de proposta não se aceita naquele estado. Respirou fundo e olhou Dexter.
- Ok, I'm in...mas esse futuro favor não pode envolver sexo e muito menos drogas!